domingo, 30 de junho de 2013

Nuvenzinha

Muito leve uma nuvenzinha
Vai beber águas mansas do lago
Flutua cândida sobre a vinha
Num sussurro de gotas e bagos

Distante do álveo, a nuvenzinha
Suspira campos de magnólias
Ao entardecer no ar se some
Num adeus aos homens se consome
Esconde-se no firmamento, entrelinhas

Outras gotas, encontra a nuvenzinha
Numa cena de mistérios e castelos
Cabeças de cavalos e muros derrubados
São o místico azuláceo de vassalos
Corrupio de mortos abandonados

E, os vivos? Rumorejar descontente
Toque de liras gementes,
Sob chuva ácida dos polos
Na escuridão de ralhos amorfos
Impante de falsos egos, tolos

Brilha e sobe, e desce e sobe nuvenzinha
Rega meu jardim de açucenas
Diz “viva” aquela minha florzinha
Suas pétalas sequiosas de águas plenas!

 

Ofélia Cabaço   2013-07-01

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