terça-feira, 23 de junho de 2015

FÁBRICA DE CHÁ PORTO FORMOSO- S. MIGUEL-AÇORES


Acabei de ver o programa Cook Off na RTP1; devo dizer, antes de mais, que me agrada muitíssimo o arquétipo do mesmo, assim como os chefes.
As equipes foram fantásticas e o cenário paradisíaco; receitas agradáveis foram confecionadas ali mesmo, junto à Torre da Matriz, na minha cidade. Em tempos, utilizei aquele nome, para pseudónimo de poesias minhas, nos Jogos Florais de Luís de Camões, ganhei o primeiro prémio de poesia lírica; durante uns meses o meu nome passou a ser Torre da Matriz, entre familiares e amigos, tempos indeléveis dum passado recente.
Não posso deixar cair algo que me chocou, no ponto de vista da ética e até da moral. A saber: quando foram à Fábrica de Chá da Gorreana, que pessoalmente prezo muito, fiquei perplexa quando a sua representante teve a distinta honra de anunciar ser aquela fábrica, a ÚNICA NA EUROPA, quando, mesmo ali ao lado, existe, em PORTO FORMOSO, uma Fábrica de Chá maravilhosa. A Fábrica de Chá Porto Formoso remonta a muitos anos, embora tivesse cessado o seu funcionamento num interregno de vinte e cinco anos, e, há alguns anos a esta parte, funciona com toda a metodologia e apreço que exigem as sua plantações de chá. Achei uma maldade e sobretudo falta de ética absoluta, pois trata-se da mesma terra, S. Miguel Açores.
Além do mais, a cantora Cátia Guerreiro, que tem uma imensa alma para o Fado esqueceu a Alma Açoriana, pois nem sequer é de lá; foi notório desde o início e mais ainda, quando qualificou o CONVENTO DA ESPERANÇA como BOA ESPERANÇA. Apraz-me dizer que não existe boa ou má Esperança, mas, enfim, foi a Cátia Guerreiro… e a Catarina é que sabe.
Parabéns aos chefes Kiko e Cordeiro, sou fá do programa.


Ofélia Cabaço


domingo, 21 de junho de 2015

Manhã de Maio

Era uma manhã alva e suave
Que se estendeu a seguir à fuga da noite
Iluminou toda a terra e abençoou as aves,
Rejubilou com farta mesa os demais,
Voavam de galho em galho, pardais
Àquela hora da manhã poisavam nos beirais
Orquestrando com o seu pipilar alegres melodias
Os hortos floresciam mimosos a cada dia,
Pendiam dos telhados mantos de heras viçosas,
Cerejeiras toucadas de flores brancas, voluptuosas
Noivas encantadoras, regalo de mil bicos
Que saciados vibravam em harmonias, voando
Suas asas na busca de nascentes, espelhando
Narcisos, juncos e uma vegetação rica de insetos,
Regalo dos regalos e os entes simplesmente,
Florescem...
Manhã de Maio, quente e serena,
Consciência repousada, natureza e ventura,
Manto bordado de verdura,
Aonde meus sonhos são malva e rosmaninho...
Magia, pureza e harmonia, exóticos ninhos, 
O amor dispensou razão, sentimentos
Afloraram minh´alma no tempo da minha vida…

Manhã resplandecente de prazeres e alegrias,
Alva e suave, manhã de maio...


Ofélia Cabaço
2015-06-21



quarta-feira, 17 de junho de 2015

A Pedra

A pedra sendo simplesmente pedra
Sendo o que é e não sendo Ser
Pode, na mão da posse, modificar
Erigir e danificar…
É pedra e não é não nada, existe
Na beira dos cristalinos lagos, nos jardins
Em toda a parte,
É belígera e passiva também
Não é beleza Apolínea, é Natureza,
Às vezes, é ela que me guia
Sem coação ou obrigação
Os caminhos e a pedra…
Existem e quando eu partir
A pedra será meu abrigo terrestre…
E lá nos céus, o deus Pã me espera
Numa roda de açucenas com heras
E mais um alvo rebanho…

Ofélia Cabaço
2015-06-17



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Chamaste o meu nome...


Dos teus olhos caíram lágrimas em fio
Naquela triste madrugada,
Tua boca fremente, resquício dum prazer
Implorado aos deuses…
Formaram uma agitada corrente no rio
Sob uma densa bruma rosácea se esconderam
Os arautos da buliçosa Primavera, tu,
Com voz rouca e inquieta o meu nome
Chamaste…
E minh´alma escutou a tua, num miserável silêncio
Calei o teu desgosto fingindo não fingir
O teu desejo companheiro do meu,
És dono de mim e grande como a lua no rio
A minha sorte, aquela que busco incessantemente
É a tua figura de herói desbotado que desenhei na mente
O jugo do meu alento, brasão no meu coração,
O passo na minha caminhada… a água que mata a sede
O estio generoso e o outono impávido tu és,
O melhor fruto do meu pomar, o sabor, a cor e a flor,
A minha poesia é a tua imagem que toco ao de leve
E não toco harpa porque a melodia é triste no dia
E nas noites enganadora…
Desejo mal tido, inexorável e indelével
Que me atormenta e me afasta de ti a desoras
Para suplícios e montanhas escarpadas
Ao invés das planícies onde brotam margaridas
E a terra fecunda com cheiro a viço me encanta
És o abrigo que almejo,
Para branquear os meus e teus cabelos…

Ofélia Cabaço
2015-06-15