Vi passar em tempos,
Casais de mãos deitas
Sorrisos e cabelos grisalhos
Muito leves e sem agasalhos
O tempo ablativo, vertiginoso
Embalado voluptuosamente
E,
Curvados passam em silêncio
Na minha rua, observo com assombro
Espectros reverenciados, vagos, a idade
E eu, com prenúncios (…)
Recorro ao espelho que denúncia
Prata fluída nos meus caracóis
Pensamentos e cismas em abundância
Foi o tempo que matou meus girassóis
Campos semidesertos, idades cumpridoras
Despertam a razão conservadora
Pitósporos que plantei,
Dançam no rodopio de murmúrios
Sacodem sem maldade as memórias
Na minha rua,
Passam os velhinhos, lentos
Carregam nas costas angústias recentes
Sucedâneo de sofrimentos
Apenas querem combinar a morte
Na agitação das suas mentes
O receio e anseio! Sem norte,
Surgem as noites sem luz
Rangem as portas ao truz-truz
Na parede um escuro ponto
Interlocutor dos medos, um conto:
Morte rabina
Que me deixou meninaUm dia, credora
Levar-me-á na neblina!
Sem comentários:
Enviar um comentário