quarta-feira, 21 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
OBSERVAÇÕES
Um dia, vinha eu no comboio Rossio- Algueirão, a conversar com uma amiga, acerca da falta de civismo que os portuguese têm em relação à higiene e aos cuidados de limpeza nas ruas dos nossos bairros, das nossas cidades e afins. Comentei que, hoje em dia, existe tanta informação que não chego a perceber como a geração mais nova vendo televisão em quantidade muitas vezes exagerada, sendo observadora no que lhe convém, não consegue evoluir nesse sentido. Falei que a minha casa situa-se numa rua interior, onde não passam automóveis, essa rua (que é a minha, onde moro) tem flores e canteiros que eu, pessoalmente rego e trato na maior parte das vezes. Não obstante, agora que há uma escola secundária muito perto, os jovens nos intervalos das aulas ( creio que é isso) vão ao supermercado que também fica próximo e passando pela minha rua vão deixando os saquinhos das batatas fritas, as embalagens dos sumos, as latas de coca-cola e todo o lixo colorido de porcaria pelo chão........ será que são cegos?......será que são anormais?...... será que não sabem que o lixo não é para deitar no chão?. Todos os dias na televisão se fala disso, na escola fala-se disso, em muitas casas creio que se fala nisso........... o que pretendem esses jovens? Mesmo que tenham pais que não estão preparados para tal assunto, há a informação, há a aprendizagem do dever civico, há a escola, os professores etc,............ bom, a conversa era sobre este tema e a minha amiga vinha a comer um gelado e a partilhar o problema com algumas sugestões. Para meu espanto, quando a minha amiga acabou de comer o gelado, abriu a janela do comboio, ( naquela altura ainda se abriam as janelas) e mandou o papel do gelado fora!!!!!!! Eu, não queria acreditar no que estava a ver!!!!!!!! depois....tenho mau feitio?
Ofélia cabaço - 2011-09-15
O Malmequer Roxo
No Domingo passado, observei uma cena comovedora na igreja. Foi celebrada a festa da Nossa Senhora da Boa Viagem, organizada pela comunidade negra, foi muito bonita e realizada durante a missa. Quando começaram a entrar as pessoas com os seus trajes de festa e com ar de muita satisfação, reparei numa senhora que trazia o seu menino pela mão, creio que deveria ter uns 5/6 anos sensivelmente.
Entraram em cortejo e de repente oiço uma voz infantil a chamar o tal menino, não percebi bem o nome, mas voltei-me e vi um quadro verdadeiramente cristalino de partilha e amizade, o menino que não era negro, ofereceu um malmequer roxo ao menino negro e disse-lhe: toma é para a tua mãe! Senti o meu lábio inferior tremer,comovida! Agradeci a Deus ter-me ajudado a perceber que no coração daqueles meninos havia uma amizade e uma partilha que, se a sociedade onde estão inseridos os ajudasse, assim como as pessoas que os rodeiam, creio que, o futuro destes pequeninos seria bem mais risonho, envolto de camaradagem, de amor, de esperança. Assim se deveria construir novas sociedades onde as pessoas fossem extensivamente cumplices e edificadoras do bem para um mundo melhor, abolindo para sempre com sociedades extemporaneamente evoluidas, partilhadas de demagogia e hipocrisia.
Ofélia Cabaço - 15 de Setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O BOLO DE ARROZ
Numa manhã cinzenta de Outono depois de dar o pequeno almoço á sua neta a Senhora Amélia conversou com a sua filha mais nova dizendo: Tenho de comprar o livro de francês para a pequena " mon ami pierrot" mas não sei como arranjar dinheiro para tantas coisas.
A matricula, agora a consulta de oftalmologia, vou tentar comprar-lhe o óleo de fígado de bacalhau, pois ela é tão alta, tão magrinha, não gosta nada de comer......... estou muito apoquentada, só não queria morrer e deixar esta menina ao desamparo já que os pais nem se lembram que ela existe.......
A Senhora Amélia de seguida chamou a neta para acompanhá-la até á praça, local onde fazia as compras quase todos os dias, barafustava com os vendedores para lhe venderem a fruta e as hortaliças mais baratas.... ( sempre tudo tão caro, vocês pensam que andamos a roubar)....... eram momentos de confusão para a sua neta que detestava aquelas conversas ofensivas entre vendedores e a sua avó. Ás vezes até lhe apetecia esconder-se dentro do cesto grande de vime onde um dos vendedores arrumava as pimentas malaguetas.
Mas ,naqueles dias, a avó sempre lhe comprava na padaria da Rua da Arquinha um bolo de arroz, quentinho e com sabor a limão, muito saboroso. A neta adorava, se bem que, nunca lhe pedia nada. Naquela manhã, depois de ter ouvido toda a conversa com a tia Joana acerca do livro, da carestia da vida e das preocupações da avó, decidiu tomar uma atitude relativamente ao bolo de arroz quando chegasse o momento daquele prazer tão assíduo.
De regresso a casa passaram na rua da Padaria, a avó entrou e pediu o bolo de arroz e a neta disse: Mamã, ( porque lhe chamava mamã) hoje não me apetece o bolo de arroz, não tenho vontade! A avó comprou o pão habitual e nada disse. Na subida da Rua da Arquinha encontraram uma amiga da avó, que pertencia à familia Rebelo, e a Senhora achou a neta muito alta, muito bonita, elogiou muitissimo os seus olhos e achou-a parecida com o pai que por sinal, disse, que já não o via há muito muito tempo. E, a avó no meio da conversa contou:
Sabe, esta menina é observadora e preocupada, imagine que antes de sair, estive a conversar com a minha filha Joana acerca das dificuldades que tenho tido em relação ás despesas e, possivelmente, ela ouviu tudo, então, é habitual eu comprar-lhe um bolo de arroz e hoje ela disse-me que não tinha vontade, uma coisa que ela adora é o bolo de arroz, mas certamente não quis que eu gastasse dinheiro. Veja só como ela é preocupada e assim faz-me sentir muito triste, minha rica filha......
Afinal, a avó percebeu o sentir da menina, mas nem sequer conversou com ela, depois contou o caso á Senhora Rebelo, como se ela ali não estivesse. Aquela avó era uma mulher muito esperta e muito especial, era o mundo daquela neta!
Os tempos eram assim, as pessoas tinham a capacidade de se perceberem sem grandes conversas.
Ofélia Cabaço - 2011-09-09
Aquelas coisas...............
Terminaram as férias,o trabalho recomeça em força. Sentimos que temos mais vontade de resolver coisas, especialmente aquelas coisas que ficaram penduradas no estendal de curiosidades sem formas e certezas. Todos os anseios e conversas ficaram sem explicação.
Nesta nossa vida atribulada, onde a luta e a capacidade de fazermos muitas coisas nos assalta e nos faz girar sem reflexão, sem sentido, só de quando em vez, uma luz nos faz clic e meigamente, serenamente, nos aquece a alma..............ficamos parados a olhar o vazio e a lamentar o que queríamos fazer e não fizemos, o que queríamos dizer e não dissemos...........
Somos cada vez mais, individuos/as calculistas, medrosos, desconfiados e estes adjectivos tomam conta de nós sem darmos por isso, porque o mundo, a vida, as pessoas surpreendem-nos em cada dia que passa. Não é isso que queremos! Também, não vale a pena sermos liricos, mas é nossa obrigação olhar para quem gosta de nós e desfazer o tal estendal, deixar em seu lugar, mesmo que seja no ar, suspenso como um balão colorido e frágil, o tal diálogo simpático acompanhado de um lindo sorriso, sentados, momentaneamente felizes, num cadeirão com braços possantes e seguros! E, depois, á noitinha, quando o mundo sossega para adormecer , quando as pessoas param um pouco, rebuscam com mais serenidade os seus ânseios, espreitam com mais clareza as suas almas, escutam os seus corações, saboreiam com água na boca aqueles momentos! Aí há paz, há envolvência, há amor, há humanidade, há tudo!!!!
Ofélia Cabaço- 2011-Setembro-09
domingo, 17 de julho de 2011
PAPOILA
No alto do monte, junto ao firmamento
sobrevive uma papoila vermelha, ondulante,
o vento passa teimoso tentendo derrubá-la,
o Sol ardente, bebe vezes sem conta a sua cor,
as formigas invadem o seu espaço, a sua força
e, ela, a papoila continua hirta, lutando,
um moinho quase derrubado, já cansado,
é o seu companheiro naquele silêncio ermita.
quantas histórias de vida e de amor
o moinho agora velhinho tem memorizado,
a papoila nasceu há dias,
mas a sua irmã sementinha sussurrou-lhe
ao ouvido os ecos do passado.....
então ... a papoila tem de sobreviver, de lutar
até criar as suas próprias sementes,
é uma honra tradicional no reino das plantas,
as urzes violeta bordejam aquela paragem,
zangaram-se com as urzes brancas que,
por sua vez, não puderam fazer multiplicação
e estender o seu manto branco,
mas, à noite são elas as urzes brancas
que iluminam o negro chão com a sua cor alva,
a lua acaricia o moinho, morna, sonhadora,
mas.....um dia, passou por ali um principe
montado no seu cavalo,
esbelto, de cabelos negros ao vento,
brilhava como o Sol, vestia casaco branco,
saltou do cavalo, colheu a papoila e,
colocou-a na sua lapela.
sem ter deixado sementinhas, a papoila
viu os seus sonhos e desejos desfeitos junto
ao coração de um principe desconhecido.
Ofélia Cabaço 2011-07-17
sobrevive uma papoila vermelha, ondulante,
o vento passa teimoso tentendo derrubá-la,
o Sol ardente, bebe vezes sem conta a sua cor,
as formigas invadem o seu espaço, a sua força
e, ela, a papoila continua hirta, lutando,
um moinho quase derrubado, já cansado,
é o seu companheiro naquele silêncio ermita.
quantas histórias de vida e de amor
o moinho agora velhinho tem memorizado,
a papoila nasceu há dias,
mas a sua irmã sementinha sussurrou-lhe
ao ouvido os ecos do passado.....
então ... a papoila tem de sobreviver, de lutar
até criar as suas próprias sementes,
é uma honra tradicional no reino das plantas,
as urzes violeta bordejam aquela paragem,
zangaram-se com as urzes brancas que,
por sua vez, não puderam fazer multiplicação
e estender o seu manto branco,
mas, à noite são elas as urzes brancas
que iluminam o negro chão com a sua cor alva,
a lua acaricia o moinho, morna, sonhadora,
mas.....um dia, passou por ali um principe
montado no seu cavalo,
esbelto, de cabelos negros ao vento,
brilhava como o Sol, vestia casaco branco,
saltou do cavalo, colheu a papoila e,
colocou-a na sua lapela.
sem ter deixado sementinhas, a papoila
viu os seus sonhos e desejos desfeitos junto
ao coração de um principe desconhecido.
Ofélia Cabaço 2011-07-17
quinta-feira, 7 de julho de 2011
A MINHA PIRUCAS
A morte da Piruças
sinto os teus passos como se ainda existisses,
no silêncio, ouço o bater da tua patinha na vidraça,
quando a minha alma sem ti, está em desgraça,
não tenho mais o teu olhar quieto e meigo...........
aquele olhar, que me tranquilizava e me animava!
o tapete parece que tem uma mancha, mas não.....
tu já não fazes chichi, é a minha ansiosa imaginação.
tenho tantas saudades tuas, piruças!
sinto frio, sei que destroçado está o meu coração,
trovejou uma destas noites, enfiei a carapuça,
trovoada de Verão, saltei da cama....ia buscar-te,
de repente, percebi,que não estás entre nós,!
aí, onde estás não troveja! sei que não!
não vais ter medo nunca mais, e eu, estou aqui,
penso em ti!
Ofélia Cabaço 2011-06-23
sinto os teus passos como se ainda existisses,
no silêncio, ouço o bater da tua patinha na vidraça,
quando a minha alma sem ti, está em desgraça,
não tenho mais o teu olhar quieto e meigo...........
aquele olhar, que me tranquilizava e me animava!
o tapete parece que tem uma mancha, mas não.....
tu já não fazes chichi, é a minha ansiosa imaginação.
tenho tantas saudades tuas, piruças!
sinto frio, sei que destroçado está o meu coração,
trovejou uma destas noites, enfiei a carapuça,
trovoada de Verão, saltei da cama....ia buscar-te,
de repente, percebi,que não estás entre nós,!
aí, onde estás não troveja! sei que não!
não vais ter medo nunca mais, e eu, estou aqui,
penso em ti!
Ofélia Cabaço 2011-06-23
QUE TRISTEZA!
Neste mundo turbulento, em cada dia que passa tornam-se maiores os pedrugulhos que caem sobre as nossas cabeças. Sinto que não estou a ter forças para enfrentar tanta maldade, tanto egoísmo, tanta ganância, tanta intolerância e tanta tolerância dos benignos......... para tudo é preciso conta e medida....
A fé é qualquer coisa muito diferente da crença. A crença é um acto onde consiste palavras que não se analisam. Todos nós falamos e na maior parte das vezes nem analisamos o que dizemos, nem o que queremos e até mesmo o que pensamos! Saltamos por cima de um arco iris só para termos o sabor daquilo que julgamos ser muito saboroso e de repente, percebemos, que nada corresponde à equivalência de um colorido arco iris..... só nos resta, muitas vezes, a consolação de percebermos quem de facto somos; e, é doce, consolador, sentirmos que na multidão de amargos, descobrimos que somos muito especiais..... e por isso mesmo, os espertos nos julgam anormais!!!!! Como diz Jorge Palma : faz-me rir!!!!! não que o Jorge seja um exemplo, nada disso, mas é engraçado!!! As pessoas precisam de exemplos, mais do que eloquência e discursos hipócritas, mas, não temos que ser todos um bom exemplo, assim como, não precisamos nunca de ser um mau exemplo!
Ofelia Cabaço 2011-07-07
quarta-feira, 29 de junho de 2011
S.PEDRO
Nesta noite de homenagem a S. Pedro, Sintra oferece-lhe bruma cerrada. O castelo lá no alto tem orvalho abundante, facto, que leva o rei e a rainha a irem descansar para não se constiparem. A vegetação que abraça calorosamente a serra está desanimada e... reclama o capote molhado. A noite está fresquissima e os foguetes vindos da Vila atormentam o silêncio habitual. Na Vila, há luz, música e muitas sardinhas a assar. As crianças correm de uma lado para o outro num frenesim festivo, seus pais, saboreiam os petiscos e os vinhos de Colares. As jovens procuram o amor idealizado, para completarem a sua felicidade. No Palácio há sons e música de Handel. No Olga Cadaval há teatro. Nos cafés juntam-se as comadres com as suas cusquices! Na Pastelaria Piriquita há uma mesa rodeada por inteletuais da Vila, conversam e dão livre curso às suas ideias. S. Pedro lá dos céus sorri, sorri tanto que nem sabe como parar, não obstante abençoa-nos a todos, e, com o seu perfumado cajado, goteja toda a população, brincalhão e bondoso. S. Pedro não te esqueças de nós! Por: Ofelia T Cabaço Cabaço
quinta-feira, 23 de junho de 2011
VENDAVAL
Chove copiosamente,
o telhado da casa amarela
sussurra e grita simultaneamente,
a paisagem é uma aguarela
desfeita num choro angustiante;
ao longe, na pradaria o vento
corre, veloz tombando os lírios,
da minha janela vislumbro o Bento,
que me acena receoso e com delírios;
na laranjeira há um ninho de pardais
que dança incessantemente, mal jeitoso,
as laranjas amargas, olham os beirais,
na sua cor ainda carregada e ditosa;
a buganvília solta as suas pétalas
como bailarinas esvoaçantes, libertinas!
muito lindas, uma a uma no ar fazendo alas;
o vento e a chuva continuam desatinados,
a destruição está cada vez mais vincada;
os vasos do parapeito cospem os nardos
no chão junto ao rio caiu a jangada;
os gatos no barracão estão amotinados,
muito quietos à escuta, à espera....
as nuvens de olhar cinzento narcisam-se
tentando encontrar uma polar esfera,
acotovelam-se sedentas de sossego,
com a clara certeza que precisam-se
anoitece! o vento acalma,
a chuva sossega,
as estrelas timidas, espreitam,
está escuro, não existe alma;
o silêncio e a noite respeitam
as gentes da aldeia no seu sono;
o lume na lareira crepita,
os gatos ronronam .....
o cão deita-se orgulhoso e catita,
a porta range num alivio sussurro!
ofelia cabaço, 2011-06-23
o telhado da casa amarela
sussurra e grita simultaneamente,
a paisagem é uma aguarela
desfeita num choro angustiante;
ao longe, na pradaria o vento
corre, veloz tombando os lírios,
da minha janela vislumbro o Bento,
que me acena receoso e com delírios;
na laranjeira há um ninho de pardais
que dança incessantemente, mal jeitoso,
as laranjas amargas, olham os beirais,
na sua cor ainda carregada e ditosa;
a buganvília solta as suas pétalas
como bailarinas esvoaçantes, libertinas!
muito lindas, uma a uma no ar fazendo alas;
o vento e a chuva continuam desatinados,
a destruição está cada vez mais vincada;
os vasos do parapeito cospem os nardos
no chão junto ao rio caiu a jangada;
os gatos no barracão estão amotinados,
muito quietos à escuta, à espera....
as nuvens de olhar cinzento narcisam-se
tentando encontrar uma polar esfera,
acotovelam-se sedentas de sossego,
com a clara certeza que precisam-se
anoitece! o vento acalma,
a chuva sossega,
as estrelas timidas, espreitam,
está escuro, não existe alma;
o silêncio e a noite respeitam
as gentes da aldeia no seu sono;
o lume na lareira crepita,
os gatos ronronam .....
o cão deita-se orgulhoso e catita,
a porta range num alivio sussurro!
ofelia cabaço, 2011-06-23
terça-feira, 21 de junho de 2011
SENTIMENTO
nunca te senti, nunca te amei
nem sequer contigo conversei;
és uma bola de neve, leviana,
a saltitar de Diana em Diana;
sinto mágoa, sofrimento,incertezas,
das coisas que sei serem certezas;
como posso ter saudades tuas?
sendo eu, uma alma cheia de culpas,
sei que não existes... sou tonta;
vou desviar as minhas mágoas
para o sotão das teias, num baú!
coloca-lo-ei num recanto mau ....
irão ser recordações de ontem,
pintadas a óleo por um mago,
ficarão arrumadas, tão arrumadas,
como os cachos das uvas, bago a bago;
um dia vão acordar, já muito desaprumadas,
sem cor, sem ilusões, sem culpas.....
como depois de um Verão vaidoso,
o Outono aparece de rosto nervoso;
ofelia cabaço, 2001-06-21
nem sequer contigo conversei;
és uma bola de neve, leviana,
a saltitar de Diana em Diana;
sinto mágoa, sofrimento,incertezas,
das coisas que sei serem certezas;
como posso ter saudades tuas?
sendo eu, uma alma cheia de culpas,
sei que não existes... sou tonta;
vou desviar as minhas mágoas
para o sotão das teias, num baú!
coloca-lo-ei num recanto mau ....
irão ser recordações de ontem,
pintadas a óleo por um mago,
ficarão arrumadas, tão arrumadas,
como os cachos das uvas, bago a bago;
um dia vão acordar, já muito desaprumadas,
sem cor, sem ilusões, sem culpas.....
como depois de um Verão vaidoso,
o Outono aparece de rosto nervoso;
ofelia cabaço, 2001-06-21
segunda-feira, 13 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
o lirio e a árvore
o lirio todos os anos nascia e crescia naquele cantinho rodeado de malmequeres e flores silvestres, mesmo junto à grandiosa árvore que paria muitas e brancas flores de salgueiro.
os bolbos dos lirios conseguiam reproduzir aquela familia de lirios roxos e apaixonados todos os anos após a morte dos seus antecessores, chegada a primavera febril, ardente e viçosa.
a árvora gigantesca mantinha-se fiel a si própria vestindo-se e despindo-se das sua flores brancas conforme o inverno se despedia e a primavera se anunciava.
o lirio achava-se pequenino, sentia que não conseguia produzir o efeito tão produtivo como a árvore, que, por sua vez, oferecia sombra aos caminhantes e mirava-se constantemente no espelho do rio.
mas, a atmosfera prodigiosa daquele canto, tinha muito que ver com a fragrância doce que o lirio emanava e oferecia a toda a gente que passava no bosque.
Um dia, o lirio, após anos de admiração p´la árvore, já cansado, resolveu conversar e confessar o seu amor tão grandioso como de platónico.
a árvore ficou lisonjeada, vaidosa, curiosa, e mais do que nunca mirava-se ao espelho do rio e dizia:
....sou grande, tenho umas flores de cor cândida, dou sombra, os meus galhos quando despidos, dão uma infinidade de coisas, portanto, não posso de modo algum, descer ao nível do lirio, que, apesar de possuir uma linda cor e emanar aquele cheiro saboroso e estonteante não passa de um simples lirio..... mas.....a verdade é que não o conheço muito bem....mas deve ser pouco inteligente, nunca fala!!!
o lirio continuou a fabricar o seu polen cada vez mais profundo, cada vez mais apaixonado, imaginava o dia em que a árvore descesse um pouco os seus esguios ramos para lhe acariciar as pétalas roxas e sedentas.
passaram alguns meses, anos e um dia o lirio disse á árvore:
não consigo perceber porque gosto tanto de ti, oh árvore, tu nunca me falas, nunca me dizes algo que me alegre e nem sequer me tocas com as tuas folhas tonalizadas de deslumbrantes verdes, nem tampouco,me mimas com as tuas flores brancas como hostias.....
certamente não gostas de mim, nunca deste p´la minha existência, e, olha que, teimosamente, todos os anos renasço para ti...
a árvore hipocritamente respondeu:
Oh não, lirio, não é essa a ideia, eu gosto de te olhar, mas repara, eu sou grande, muito grande e tu és tão pequenino...que iriam dizer as minhas amigas árvores também tão grandes??? e.... tão pequeninas às vezes!!!.
não faz mal, árvore, vou dedicar-me às borboletas, são tão bonitas, por dentro e por fora, tão frágeis e adoram-me, sinto que tenho sido injusto com elas, que, todas as manhãs, tomam o pequeno almoço comigo, dão-me imensos beijinhos e adormecem nas tardes de calor sobre as minha pétalas.
a árvore na sua fantasmagórica grandeza, sentiu-se rejeitada, ficou tristonha, sem saber como reagir....nunca mais ninguém lhe falou tão carinhosamente como o lirio e assim melancolicamente despiu-se, antes do tempo devido, e assim foi definhando, nem sequer o espelho do rio lhe transmitia a beleza frondosa de outros tempos.... até que um dia, muito perto do inverno um lenhador que, por ali passou, cortou os seus galhos curvados e secos, para se aquecer à lareira, nas noites solitárias e frias que se avizinhavam.
o lirio depois de vivência amorosa com as suas abelhinhas secou e desapareceu levado p´los ventos a caminho do norte.
assim, o canto ficou apenas atapetado de folhas secas e flores silvestre já raquíticas e dobradas p´la força das chuvas torrenciais.
O lirio e a árvore podiam ter vivido um tempo de harmonia, felizes e apaixonados, mas após o tímido diálogo, o lirio, ficou terrivelmente desiludido, apercebeu-se que a árvore era egoísta,e que tinha passado tantos anos a sonhar com a árvore errada, foi um sonho inutil.............. daqueles sonhos que acontecem muitas vezes........
Ofélia Cabaço 09-06-2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
HÁ DIAS
hoje acordei sobressaltada. Comecei o dia ansiosa e até muito péssimista. Então, tentei pensar no que poderia inquietar-me daquela forma. De repente, dei um abanão a todas as idéias negativas que iniciaram o meu dia a aborrecer-me e a tornar-me inconsequente e angustiada.
Fiz uma análise à minha vida, ao que gosto de fazer. Pensei nas pessoas que amo e em especial naquelas que me amam. Pensei no meu filho e em todas as coisas boas passadas connosco durante a sua infância e adolescência. Comecei a sorrir....nada mau! Pensei nas refeições saborosas que gosto de preparar para a minha familia e amigos.Pensei nos Açores e nas pessoas que lá vivem que fazem parte de mim própria. Pensei no mar tão azul de S.Miguel,no amanhecer, no pôr-de sol, nas azálias, nas hortenses. Até lembrei aquela véspera de Natal que juntamente com os meus primos e amigos fomos às sete-cidades apanhar verduras para as jarras e para o presépio. Conseguimos, com muita sorte, vislumbrar a Lua refletida na lagoa azul, ficamos extasiados num silêncio absoluto, como que, a memorizar tão belo espectáculo, e, eu, fiquei tão comovida, para gozo saudavel dos meus amigos nos dias que se seguiram. Continuando nos meus pensamentos, imaginei-me a passear no Pinhal da Paz e por conseguinte a albergar um pouco daquele silêncio e daquela paz, no meu coração.
Pensei na minha escola e do quanto lá fui feliz....
Mais tranquila, tomei banho, fiz o pequeno almoço, como sempre,. Na cozinha, o Sol brincava comigo, ora aparecia, ora desaparecia. O Sol Iluminou os bules que estão perfilados na prateleira de vidro e sorridente apresentou-me o pó. Fui tratar da minha Piruças. No quintal duas borboletas multicores também tomavam o pequeno almoço, redopiavam prezenteiramente em volta dos malmequeres e dos ciclames. Afinal o dia estava a ser uma festa. Que bom! Fiquei feliz.
Creio que não vivo constantemente saudosista, mas, as coisas boas da minha vida, as pessoas, os gestos, os amigos, a familia, quer no passado, quer no presente são de uma importância sem limites para mim. Muitas vezes dou comigo, a pensar comigo, se isso será saudável ou não! Isso agora não interessa, o certo é que eu sou assim e estou contente.
Ofélia Cabaço 2011-05-12
segunda-feira, 6 de junho de 2011
AS ROCHAS
a praia de areia branca
até às rochas estende-se,
as rochas altivas,descrentes
são negras como o breu,
o dia começa cinzento!
o mar lava-lhes a cara com fúria,
.....dá gargalhadas sonoras,
que se fazem ouvir no horizonte,
então diz o mar às rochas:
inúteis, estão aí paradas,
à mercê dos ventos, da chuva,
do Sol e de mim que sou forte!
e....o mar continua a rir alto.
as rochas olham, tristes para ele,
desejam ter pernas ou asas,
fugir ou voar para muito longe...
mar ingrato, pensam as rochas,
tão cruel...................
e, assim paradas,ficam a olhar-se
num pasmo silêncio comovedor.
mas...........................
ao entardecer o mar veste-se
de túnica laranja, coloca chapéu
vermelho, brilhante estende-se,
calmo, sonhador, conversador,
deixa-se enternecer com as sereias,
as rochas mais aliviadas, babam-se
de espuma branca,
refrescam-se e conversam espevitadas
com os pássaros que por ali abancam
para pernoitarem....................
elas poem a mesa com toalha de espuma,
buzios, mexilhões, peixes e caranguejos,
a lua sorri, redonda como um queijo,
lá do alto, contempla o magnifico cenário,
a noite está calidamente encantadora,
e, ela, a lua, reflecte-se no campanário,
mas..... e o mar voltará a enfurecer-se?
interrogam-se as rochas, inquietas......
quem sabe? talvez ao amanhecer.
quanta força! quanta arrogância!
as ondas brincam, em dias de calmaria,
enrolam-se, carinhosamente riem,
muito baixinho, como quem chama por Maria
enquanto o mar se diverte e espreguiça
as rochas atentas, negras como o breu,
................vigiam a praia branca,
apesar do mau génio do mar..........
conhecem-se no tempo, na história,
tal como o pastor e o seu lebré
nas altas montanhas de largas ancas,
em silêncio, deixam-se adormecer
até que a aurora as vá saudar.....
e, tudo recomece.....novamente!
ofélia Cabaço, 02 de Junho de 2011
até às rochas estende-se,
as rochas altivas,descrentes
são negras como o breu,
o dia começa cinzento!
o mar lava-lhes a cara com fúria,
.....dá gargalhadas sonoras,
que se fazem ouvir no horizonte,
então diz o mar às rochas:
inúteis, estão aí paradas,
à mercê dos ventos, da chuva,
do Sol e de mim que sou forte!
e....o mar continua a rir alto.
as rochas olham, tristes para ele,
desejam ter pernas ou asas,
fugir ou voar para muito longe...
mar ingrato, pensam as rochas,
tão cruel...................
e, assim paradas,ficam a olhar-se
num pasmo silêncio comovedor.
mas...........................
ao entardecer o mar veste-se
de túnica laranja, coloca chapéu
vermelho, brilhante estende-se,
calmo, sonhador, conversador,
deixa-se enternecer com as sereias,
as rochas mais aliviadas, babam-se
de espuma branca,
refrescam-se e conversam espevitadas
com os pássaros que por ali abancam
para pernoitarem....................
elas poem a mesa com toalha de espuma,
buzios, mexilhões, peixes e caranguejos,
a lua sorri, redonda como um queijo,
lá do alto, contempla o magnifico cenário,
a noite está calidamente encantadora,
e, ela, a lua, reflecte-se no campanário,
mas..... e o mar voltará a enfurecer-se?
interrogam-se as rochas, inquietas......
quem sabe? talvez ao amanhecer.
quanta força! quanta arrogância!
as ondas brincam, em dias de calmaria,
enrolam-se, carinhosamente riem,
muito baixinho, como quem chama por Maria
enquanto o mar se diverte e espreguiça
as rochas atentas, negras como o breu,
................vigiam a praia branca,
apesar do mau génio do mar..........
conhecem-se no tempo, na história,
tal como o pastor e o seu lebré
nas altas montanhas de largas ancas,
em silêncio, deixam-se adormecer
até que a aurora as vá saudar.....
e, tudo recomece.....novamente!
ofélia Cabaço, 02 de Junho de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
NOSTALGIA
Levamos dias, semanas, meses, anos da nossa vida a imaginar pessoas que até podem não ser fantásticas, mas que nos entendem, que percebem o nosso olhar, a nossa sensibilidade, os nossos gestos, a nossa capacidade de amar, de partilhar este mundo e a nossa vida de maneira saudável, intelectualmente, sentimentalmente, politicamente até, mesmo que, as opiniões divirjem,imaginamos momentos especiais, daqueles que se instalam no melhor cantinho da nossa alma.
Depois pensamos e sentimos que aqueles momentos ficam com a porta entreaberta, muito quietos naquele sítio, à espera..... a porta continua semi-aberta e de quando em vez todos aqueles personagens espreitam e continuam à espera sem nunca se deixarem adormecer.
Entretanto, imaginam outros mundos, outras personagens, outros sentimentos, mas nada resulta porque alguém é ninguém......
Mas, se pensarmos que o pensamento é a forma de pensar para pensarmos algo, que nos inquieta e hipocritamente nos facilita o imaginário para logo a seguir nos tornar num só pensamento egoísticamente negativo e desprovido de todos os primeiros pensamentos.
Não...não quero sentir isso,!?!,afinal vale a pena pensar! É o pensamento que nos atos que se seguem nos fazem felizes ou infelizes, que nos ajudam a crescer, que nos fazem perceber que, apesar de tudo, vale a pena viver.
A vida é um empréstimo que nos concederam, para saborearmos tudo o que nela contém,até que, aquela personagem, escura ou talvez não, dependendo do ânimo ou desânimo no momento, a morte, nos convida a um longo passeio sem regresso.
Ela, penso, vai abeirar-se de nós com um sorriso malicioso, com uma fingida leveza de espirito, para lhe darmos a mão sem nenhuma trégua.
Nada de surpreendente, pensamos nós, talvez,na minha caminhada p´la vida, encontrei muitas mortes, escuras ou talvez não......
Ofélia Cabaço, 29 de Maio de 2011
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
A CERVEJA
estava eu, como habitualmente, a tomar um café pelas onze da manhã, quando do outro lado do balcão reparei que um sujeito, mal vestido e sujo, pedia qualquer coisa que, de longe não consegui discernir, mas apressada, como quase sempre, no meu raciocinio, julguei que era comida. E, reparando que a funcionária fazia um gesto negativo com a cabeça, fiz sinal e propus-me pagar o que o mendigo estava a pedir. Cada vez mais, sinto uma enorme arrelia misturada de tristeza, quando sinto que alguém tem fome. Depois disseram-me, que ele queria uma cerveja, obviamente, que não estou de acordo que se alimentem vicios, mas não fui capaz de negar tal pedido, uma vez que no rosto do mendigo havia uma ansiedade, uma insegurança que me fez lembrar uma criança separada do seu brinquedo mais querido.
Aquela expressão quixotesca, sem o seu sancho pança, e sem vislumbre da sua dulcineia, fez-me pensar que não havia mal nenhum em satisfazer aquele desejo, que por si só, não ia, nem aumentar nem diminuir o seu companheiro vicio. Afinal, penso que, por momentos, o mendigo ficou mais calmo, mais feliz a viver o seu mundo, para ele cor-de-rosa.
Reconhecidamente disse-me : é uma santa ! e, eu disse-lhe : olhe que não, sou muito má e acho que se está doente não deveria beber cerveja!!! não obstante, ele estendeu-me a mão para cumprimentar-me, e, eu ao de leve toquei-lhe, porque a mão estava muito suja e, eu ainda não tinha acabado o meu café.
Afinal, às vezes apregoo que não devemos ser elitistas, eu creio que não sou, mas não deixei de recusar o cumprimento, que possivelmente, seria importante para o mendigo.
O cheiro também me incomodava, pensei na Madre Teresa e noutras personalidades que independentemente dos cheiros, dos vicios, das misérias, crenças e marginalidades, fizeram e fazem, o bem p´lo ser humano, especialmente escutando-os e ajudando-os sem se preocuparem com os tais cheiros, com as tais sujidades. Nós nunca somos totalmente o que pensamos que somos, p´lo menos no que respeita à partilha, ao sacrificio e até ao amor!
Vivemos numa selva, é o que penso muitas vezes, mas, de repente eu sou uma das personagens activas nesse teatro e quase nem dou por isso.
Quando vejo aqueles grupos de refugiados, (libia, tunisia etc), fico chocadissima e impotente. Penso: mas será que qualquer um de nós não pode fazer mesmo nada? A comunidade europeia de ajuda é de uma hipocrisia danada, nem sequer reparam nos Países que com problemas internos, têm ajudado no que podem aos ditos refugiados. E, porque não ajudar aqueles países com mais afinco e organização? eles fogem dos seus países, porque têm medos, receios, perderam entes queridos nas guerras, porque são rejeitados e ainda sonham com melhor situação de vida e trabalho. O receio à entrada de criminosos na europa é uma demagogia, porque a comunidade internacional pode e deve fazer um trabalho, onde estas situações sejam resolvidas sem sacrificio dos que apenas e somente querem viver!!!
Ficamos na história dos colonos em africa, no congo e até nos paises da américa latina, os conquistadores ( portugueses, espanhois, ingleses, franceses etc etc etc...).achavam que iam civilizar a raça negra, quando eles próprios não eram civilizados e foram autores das maiores atrocidades. Viviam embebidos da ganância, do poder e do chicote.......
Tudo isso para dizer que em pleno seculo XXI ainda se vivem tempos turbulentos e até quando, o mundo vai ser governado por pessoas que, pouco ou nada fazem, para colmatar essas rixas , utilizando conceitos objectivos, justos, razoáveis e humanos.
Não creio que isso seja lirismo, mas sim um desejo justo e humanamente reconhecido.
Ofélia Cabaço - 25 de Maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
TARDE DE VERÃO
numa alameda de terra batida,
alguém caminha lentamente.........
é uma bela tarde de estação quente,
com um cenário opulento,veemente
de uma vegetação de cores fantásticas,
o verde dos pastos, dos milheirais fogosos,
das sebes bordadas com camélias vermelhas,
mais além, os linhares impoem-se sumptuosos
naquela paisagem tão majestosa, com velhas
e gigantes arvores vestidas com amarelas mimosas.
é uma tarde visitada por mil abelhas
envoltas de uma natureza poéticamente teimosa,
a preguiça instala-se sorrateiramente,
revelando e oferecendo uma sonolência.
o cheiro das várias plantas, presenteiramente
enternecem a alma de qualquer mortal,
os pássaros, àquela hora da tarde,
esvoaçam de mansinho, por excelência.
O silêncio obedece humildemente ao pensar,
e à inquietação de uma alma exangue
e, deixa-a sonhar, sorrir, a imaginar-se
num mistico de amor e merengue.
as searas doiradas têm sede,
ficam quietas na quietude, atentas ao barulho,
ssssssssssssssssss.... são os regatos a sussurar,
correm as águas reluzentes e cristalinas
entre as eiras.......
lá longe, muito longe, um cão ladra,
mais nada se ouve, não há ninguém!
ninguém escuta, ninguém oferece um orvalho,
Tudo tem sede....... mas, não há cântaro!
Ofélia cabaço 04-Fevereiro 2009
alguém caminha lentamente.........
é uma bela tarde de estação quente,
com um cenário opulento,veemente
de uma vegetação de cores fantásticas,
o verde dos pastos, dos milheirais fogosos,
das sebes bordadas com camélias vermelhas,
mais além, os linhares impoem-se sumptuosos
naquela paisagem tão majestosa, com velhas
e gigantes arvores vestidas com amarelas mimosas.
é uma tarde visitada por mil abelhas
envoltas de uma natureza poéticamente teimosa,
a preguiça instala-se sorrateiramente,
revelando e oferecendo uma sonolência.
o cheiro das várias plantas, presenteiramente
enternecem a alma de qualquer mortal,
os pássaros, àquela hora da tarde,
esvoaçam de mansinho, por excelência.
O silêncio obedece humildemente ao pensar,
e à inquietação de uma alma exangue
e, deixa-a sonhar, sorrir, a imaginar-se
num mistico de amor e merengue.
as searas doiradas têm sede,
ficam quietas na quietude, atentas ao barulho,
ssssssssssssssssss.... são os regatos a sussurar,
correm as águas reluzentes e cristalinas
entre as eiras.......
lá longe, muito longe, um cão ladra,
mais nada se ouve, não há ninguém!
ninguém escuta, ninguém oferece um orvalho,
Tudo tem sede....... mas, não há cântaro!
Ofélia cabaço 04-Fevereiro 2009
sábado, 21 de maio de 2011
ARCO-DA-ALIANÇA
O verde da luz tímida das tílias,
o amarelo solar
do matinal cantar dos galos,
o azul feliz das uvas de Corinto,
o roxo friorento das primeiras
violetas, o vermelho
glorioso do grito dos falcões:
de norte a sul
era o arco-iris que rompia
na manhã molhada,
era o inverno que se ia embora,
o velho e sonolento
inverno que partia:
da janela
avistam-se as últimas barcas.
eugénio de andrade
o amarelo solar
do matinal cantar dos galos,
o azul feliz das uvas de Corinto,
o roxo friorento das primeiras
violetas, o vermelho
glorioso do grito dos falcões:
de norte a sul
era o arco-iris que rompia
na manhã molhada,
era o inverno que se ia embora,
o velho e sonolento
inverno que partia:
da janela
avistam-se as últimas barcas.
eugénio de andrade
terça-feira, 17 de maio de 2011
HOJE
hoje vi uma pessoa que muito estimo. Surpreendentemente fiquei tão contente e senti um aquecimento na minha alma. Apesar de estarmos todos a atravessar um mau bocado em diversas vertentes das nossas vidas, não existe nada melhor que um sorriso amigo e terno.Já sei que vão pensar "lirica, esta cota!!!!", mas podem crer que, para mim, como tenho dito muitas vezes, estes pequenos nadas são de uma grande importância. Hoje estou contente, o dia está com uma temperatura amena, mas muito saborosa.Ontem senti uma nostalgia, mas de certa forma, saudavel e evidente, reparei como tenho envelhecido e agradeci a Deus por tudo o que tenho vivido, o bom e o mal. O mal, porque me ajudou a crescer e a ser o que sou hoje. O bom, porque em muitas circunstâncias fui muito muito feliz.! Estou a ler o sonho do celta (mário vargas Llosa) e não deixo de pensar como em Africa os nativos foram martirizados pela inteligência fria e maquiavélica dos brancos maldosos e demasiados ambiciosos. As conquistas que, na escola, nos ensinavam a decorar e a honrar os seus conquistadores nem sempre foram das mais justas, bem pelo contrário.
Obviamente que a retaliação era atroz. Mas,os brancos que se julgavem, e até eram, e senão, deviam ser, estudiosos na matéria,ditos civilizados, tinham a obrigação de povoar e colonizar sem tantas atrocidades, ensinando e partilhando.
Enfim, duma forma sintetica, tudo continua igual, mas as acções são praticadas com mais eloquência, não explicitamente, mas muito implicitamente.A boa fé das pessoas está a ser muito utilizada para a multiplicação das riquezas, daqueles que querem sobressair, como os mais ricos disto....e daquilo......... etc.
Ofélia Cabaço 2011-05-17
terça-feira, 10 de maio de 2011
de mim- Ofélia
Tenho mau feitio. Sou contra injustiça, elitismo, ganância, mentira, hipocrisia, demagogia e fundamentalmente oportunismo.
Por consequência, não poderei ser muito feliz com todas as sombras que acinzentam o meu dia a dia. Mais do que lindos discursos (demagogos e hipocritas), preferia um bom exemplo.
Um bom exemplo é, sem dúvida, algo que nos ajuda a lutar e a vencer. Os bons exemplos foram como aqueles quadros pintados a óleo de muitas cores que me fascinavam na infância e me faziam sonhar com um mundo belo e aberto a todas as pessoas.....mas que, hoje estão desfeitos em tons de aguarela..... como os nossos sonhos.....os nossos amores.....as nossas ânsias!!!.Sou de uma ilha onde as pessoas têm o sentimento de AMIZADE e também o de partilha, a poesia que se sente e se cheira naquela bela ilha, nos fazem melhores pessoas, ajuda-nos a pensar uma pouco mais no que é mau e no que é bom.Assim, podemos concluir que os caminhos do amor e da fraternidade são os mais fáceis de percorrer.
Eu, sinto que sou muito dura, quando as pessoas não sabem nem querem reconhecer os seus erros e continuam a acharem-se o máximo. Todos nós erramos, mas quando alguém nos chama a atenção (embora algumas vezes não estejamos dispostos a ouvir esse chamamento)não deixamos de ficar a pensar e a chegar a conclusões do razoável e do que é correcto.
É nestes aspectos que sinto o meu mau feitio. Não consigo lidar com isso!
Mas, se fosse muito boazinha, talvez conseguisse, quem sabe!
Este foi e é um desabafo.
Gosto muito de poesia. Vou estipular uns momentos para o fazer aqui! Voltarei!
Por consequência, não poderei ser muito feliz com todas as sombras que acinzentam o meu dia a dia. Mais do que lindos discursos (demagogos e hipocritas), preferia um bom exemplo.
Um bom exemplo é, sem dúvida, algo que nos ajuda a lutar e a vencer. Os bons exemplos foram como aqueles quadros pintados a óleo de muitas cores que me fascinavam na infância e me faziam sonhar com um mundo belo e aberto a todas as pessoas.....mas que, hoje estão desfeitos em tons de aguarela..... como os nossos sonhos.....os nossos amores.....as nossas ânsias!!!.Sou de uma ilha onde as pessoas têm o sentimento de AMIZADE e também o de partilha, a poesia que se sente e se cheira naquela bela ilha, nos fazem melhores pessoas, ajuda-nos a pensar uma pouco mais no que é mau e no que é bom.Assim, podemos concluir que os caminhos do amor e da fraternidade são os mais fáceis de percorrer.
Eu, sinto que sou muito dura, quando as pessoas não sabem nem querem reconhecer os seus erros e continuam a acharem-se o máximo. Todos nós erramos, mas quando alguém nos chama a atenção (embora algumas vezes não estejamos dispostos a ouvir esse chamamento)não deixamos de ficar a pensar e a chegar a conclusões do razoável e do que é correcto.
É nestes aspectos que sinto o meu mau feitio. Não consigo lidar com isso!
Mas, se fosse muito boazinha, talvez conseguisse, quem sabe!
Este foi e é um desabafo.
Gosto muito de poesia. Vou estipular uns momentos para o fazer aqui! Voltarei!
segunda-feira, 9 de maio de 2011
MARIANA e DINORAH
MARIANA e DINORAH eram duas irmãs que viviam na ilha de S.Jorge - nos Açores, com os pais e mais dois irmãos. A casa onde viviam situava-se na cidade, mesmo junto à muralha que namorava o mar. Todas as tardes após as aulas, iam para a casa da tia Augusta frequentar as aulas de piano. Ambas sabiam bordar, e, nas horas vagas sentadas no alpendre da sua casa ficavam horas a fio entretidas a bordar as suas toalhas com borboletas e margaridas. Mariana era uma rapariga muito alta, inteligente e muito reservada.Dinorah, pelo contrário, tinha um sentido de humor fantastico, tudo lhe servia para uma risada e espalhar alegria por toda a casa. Embora o ambiente lá em casa fosse muito rigido, em termos de educação e regras, as duas irmãs eram muito felizes e fundamentalmente muito amigas. O quarto delas era um espaço que o pai mandou decorar no sotão da casa. Havia uma janela enorme virada para o mar e uma das várias delicias das irmãs era, quando havia tempestade e o mar batia enfurecido no mural gritando mal humorado com as rochas num diálogo fantasmagórico.Naquelas noites de tormenta para os pescadores,as irmãs do seu quarto,apenas vislumbravam pequenas luzinhas no farol onde o Senhor Aniceto vigiava e evitava a entrada de estranhos barcos na ilha. A escuridão era total e não obstante Mariana e Dinorah espreitavam pela janela num mistico de sonho e fantasias.
As criadas, naquela altura já eram de certa idade, contavam muitas histórias de piratas, de amores e desamores, passados em tempos remotos, o que, as impressionava e ajudava a povoar a imaginação de qualquer rapariga naquelas idades. Nas longas noites de Verão na ilha, elas sentavam-se no balcão sob a centenária magnolia a conversar, ali, a familia reunia-se a tomar chá e a contar histórias que tinham acontecido aos seus antepassados. Toda aquela vivência familiar passada na lentidão e limitação daquelas vidas, inevitavelmente contribuia para uma determinada nostalgia e inquietação. É claro que, de quando em vez eram surpreendidas por acontecimentos, como a chegada dos primos que viviam nos Estados Unidos , para férias na ilha, dos tios que vivam em Lisboa e vinham passar temporadas, com os festejos do Senhor Espirito Santo, com a festa do mar, um acontecimento anual e com muitas outras tradições que se festejavam todos os anos.
O Natal era particularmente saboroso e muito generoso em termos de afectos e estados de alma. Nas véspera elas iam para a quinta na Fajã colher japoneiras e muitas laranjas. Enfeitavam os jarrões com imensas verduras e as mesas muito antigas ( tinham vindo do Brasil em barcos no tempo do Bisavô) eram cobertas com as toalhas bordadas de azevinho vermelho com folhas muito verdes, muito natalicias. A casa cheirava a cera, as tabuas compridas do chão eram enceradas e brilhavam festivamente. No ar havia um intenso cheiro a biscoitos quentinhos que a Nélia fazia todos os Natais. A árvora de Natal tocava no tecto, tinha sido apanhada na Fajã pelo Antonino que amanhava as terras e cuidava da casa.
Eram dias de muita festividade, uma mistura intensa de afetos e amizade.
Dinorah eram encarregada de todos os anos no Natal, ir a casa da Baronesa Margarida oferecer um cesto de camélias brancas, alvas como a neve e uma travessa com os diversos doces de Natal que a Nelia confeccionava. A Baronesa era uma Senhora muito bela e divertida, sobretudo afável. Convidava Dinorah a tomar chá com ela e contava histórias muito engraçadas. Numa das vezes que Dinorah lá foi, a Baronesa contou que, quando era mais nova, tinha a mania de vestir os blusões e camisas dos irmãos para assim e deste modo sentir-se mais à vontade. Um dia, sem que o irmão Carlinhos desse por isso, a Baronesa Margarida, vestiu a samarra dele e foi à cidade tirar fotografias para a matricula no colégio. Estavam de férias de Verão na Ribeirinha que ainda ficava longe, não obstante, os ralhos da mãe e das tias para evitar a ira de Carlinhos quando soubesse, ela não desistiu e lá foi. As fotos ficaram muito bem , ela até ficou favorecida na sua beleza,que já era evidente.
Quando se aproximou o Natal, o fotografo mandou lá o empregado perguntar se podia ampliar a foto e colocar na montra. Nas ilhas havia o dia das montras, todos os comerciante enfeitavam as suas montras o melhor possivel e depois havia um prémio para a mais original conforme a opinião do Juri nomeado. Esse dia era 8 de Dezembro, todos os anos. Claro que a foto da Baronesa Margarida foi para a montra. Naquele dia, foi um alvoroço de parabéns e felicitações pela sua beleza tão extarordinária. O desagradável foi,quando o Carlinhos reparou, que ela tinha vestido o seu blusão de camurça verde, sentindo-se traído no seu sentimento de machista ( os homens vestem roupas de homens, as mulheres vestem roupas de mulheres)!!!! e sobretudo sem lhe ter pedido licença. Mas não foi nada que não passasse rapidamente e que não resultasse numa risada saudavel entre eles.
A Dinorah ficava fascinada com as histórias contadas e tinha um apreço muito especial pela Baronesa Margarida.
Já sendo uma mulherzinha, Dinorah, continuava a visitar a Baronesa, por indicação dos pais, nos dias festivos na ilha, com os presentes adequados à época da realização das festas.
Aconteceu na Páscoa, Dinorah, caminhava pelo caminho térreo bordejado por gigantescas mimosas amarelas e brancas, que a levaria ao palacete, quando, reparou num belo rapaz de olhos claros e cabelo negro que arranjava o roseiral num rectangulo de terra vermelha para lá do caminho das mimosas. O rapaz acenou-lhe, sorriu para ela, piscando-lhe um olho.
Ela ruborizada,sentiu o coração saltar-lhe do peito e caminhou mais depressa, um pouco assustada. Estava já a conversar com a Baronesa e a deliciar-se com doce de amoras e chá Porto Formoso, quando entrou o tal rapaz de botas altas, despenteado, com um sorriso maravilhoso, sorriso esse, transbordante de alegria e gosto pela vida e natureza.
Cumprimentou-a, fez questão de se sentar à mesa e partilhar do lanche. A Baronesa apresentou-o, era o seu sobrinho e afilhado Duarte, estava de férias em de S. Jorge uma vez que vivia em S.Miguel. O rapaz falou de Ponta Delgada dos irmãos, dos pais, dos amigos e muito divertido, contou como era viver num ambiente de sete filhos numa zona chamada Povoação à beira-mar. Dinorah ficou extasiada, muito surpreendida consigo mesma, pelo afecto que, de imediato, sentiu pelo sobrinho da Baronesa.
As criadas, naquela altura já eram de certa idade, contavam muitas histórias de piratas, de amores e desamores, passados em tempos remotos, o que, as impressionava e ajudava a povoar a imaginação de qualquer rapariga naquelas idades. Nas longas noites de Verão na ilha, elas sentavam-se no balcão sob a centenária magnolia a conversar, ali, a familia reunia-se a tomar chá e a contar histórias que tinham acontecido aos seus antepassados. Toda aquela vivência familiar passada na lentidão e limitação daquelas vidas, inevitavelmente contribuia para uma determinada nostalgia e inquietação. É claro que, de quando em vez eram surpreendidas por acontecimentos, como a chegada dos primos que viviam nos Estados Unidos , para férias na ilha, dos tios que vivam em Lisboa e vinham passar temporadas, com os festejos do Senhor Espirito Santo, com a festa do mar, um acontecimento anual e com muitas outras tradições que se festejavam todos os anos.
O Natal era particularmente saboroso e muito generoso em termos de afectos e estados de alma. Nas véspera elas iam para a quinta na Fajã colher japoneiras e muitas laranjas. Enfeitavam os jarrões com imensas verduras e as mesas muito antigas ( tinham vindo do Brasil em barcos no tempo do Bisavô) eram cobertas com as toalhas bordadas de azevinho vermelho com folhas muito verdes, muito natalicias. A casa cheirava a cera, as tabuas compridas do chão eram enceradas e brilhavam festivamente. No ar havia um intenso cheiro a biscoitos quentinhos que a Nélia fazia todos os Natais. A árvora de Natal tocava no tecto, tinha sido apanhada na Fajã pelo Antonino que amanhava as terras e cuidava da casa.
Eram dias de muita festividade, uma mistura intensa de afetos e amizade.
Dinorah eram encarregada de todos os anos no Natal, ir a casa da Baronesa Margarida oferecer um cesto de camélias brancas, alvas como a neve e uma travessa com os diversos doces de Natal que a Nelia confeccionava. A Baronesa era uma Senhora muito bela e divertida, sobretudo afável. Convidava Dinorah a tomar chá com ela e contava histórias muito engraçadas. Numa das vezes que Dinorah lá foi, a Baronesa contou que, quando era mais nova, tinha a mania de vestir os blusões e camisas dos irmãos para assim e deste modo sentir-se mais à vontade. Um dia, sem que o irmão Carlinhos desse por isso, a Baronesa Margarida, vestiu a samarra dele e foi à cidade tirar fotografias para a matricula no colégio. Estavam de férias de Verão na Ribeirinha que ainda ficava longe, não obstante, os ralhos da mãe e das tias para evitar a ira de Carlinhos quando soubesse, ela não desistiu e lá foi. As fotos ficaram muito bem , ela até ficou favorecida na sua beleza,que já era evidente.
Quando se aproximou o Natal, o fotografo mandou lá o empregado perguntar se podia ampliar a foto e colocar na montra. Nas ilhas havia o dia das montras, todos os comerciante enfeitavam as suas montras o melhor possivel e depois havia um prémio para a mais original conforme a opinião do Juri nomeado. Esse dia era 8 de Dezembro, todos os anos. Claro que a foto da Baronesa Margarida foi para a montra. Naquele dia, foi um alvoroço de parabéns e felicitações pela sua beleza tão extarordinária. O desagradável foi,quando o Carlinhos reparou, que ela tinha vestido o seu blusão de camurça verde, sentindo-se traído no seu sentimento de machista ( os homens vestem roupas de homens, as mulheres vestem roupas de mulheres)!!!! e sobretudo sem lhe ter pedido licença. Mas não foi nada que não passasse rapidamente e que não resultasse numa risada saudavel entre eles.
A Dinorah ficava fascinada com as histórias contadas e tinha um apreço muito especial pela Baronesa Margarida.
Já sendo uma mulherzinha, Dinorah, continuava a visitar a Baronesa, por indicação dos pais, nos dias festivos na ilha, com os presentes adequados à época da realização das festas.
Aconteceu na Páscoa, Dinorah, caminhava pelo caminho térreo bordejado por gigantescas mimosas amarelas e brancas, que a levaria ao palacete, quando, reparou num belo rapaz de olhos claros e cabelo negro que arranjava o roseiral num rectangulo de terra vermelha para lá do caminho das mimosas. O rapaz acenou-lhe, sorriu para ela, piscando-lhe um olho.
Ela ruborizada,sentiu o coração saltar-lhe do peito e caminhou mais depressa, um pouco assustada. Estava já a conversar com a Baronesa e a deliciar-se com doce de amoras e chá Porto Formoso, quando entrou o tal rapaz de botas altas, despenteado, com um sorriso maravilhoso, sorriso esse, transbordante de alegria e gosto pela vida e natureza.
Cumprimentou-a, fez questão de se sentar à mesa e partilhar do lanche. A Baronesa apresentou-o, era o seu sobrinho e afilhado Duarte, estava de férias em de S. Jorge uma vez que vivia em S.Miguel. O rapaz falou de Ponta Delgada dos irmãos, dos pais, dos amigos e muito divertido, contou como era viver num ambiente de sete filhos numa zona chamada Povoação à beira-mar. Dinorah ficou extasiada, muito surpreendida consigo mesma, pelo afecto que, de imediato, sentiu pelo sobrinho da Baronesa.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
PORTA
Nunca me bates à porta!!!
Fico a cismar, imaginando
aquele momento de me abraçares!
de dizer-te baixinho ao ouvido:-
gosto de ti, iluminas a minha vida!
Penso em ti!
Nunca falamos, nunca conversamos!
Relembro a todos os momentos
o teu doce sorriso, o teu olhar tão terno,
sinto o meu coração envolver-se
de uma claridade e aquecimento
que aos poucos me vai transformando
numa guerreira a sobreviver
de uma guerra sem tréguas,
Talvez o caminho seja longo,muito longo,
as imensas ávores quase centenárias
estendem-se num verdejante cansaço e
deixam espaço aos jovens arbustos,
esses sim, radiosos e viçosos.....
quase imponentes,
na sua curta existência.
A minha alma quer gritar bem alto...
ávores, arbustos, natureza imensa...
podem conversar, podem amar-se,
podem sussurrar
A Lua esconde-se radiosa,
Vai a noite harmoniosa,
O Sol nasce resplandecente,
Surge a manhã incandescente...
os meus desejos inquietam-me,
O meu coração chora.....
A minha alma tem frio e,
tu, nunca me bates à porta!
Ofélia Cabaço, 25 de Setembro de 2009
Fico a cismar, imaginando
aquele momento de me abraçares!
de dizer-te baixinho ao ouvido:-
gosto de ti, iluminas a minha vida!
Penso em ti!
Nunca falamos, nunca conversamos!
Relembro a todos os momentos
o teu doce sorriso, o teu olhar tão terno,
sinto o meu coração envolver-se
de uma claridade e aquecimento
que aos poucos me vai transformando
numa guerreira a sobreviver
de uma guerra sem tréguas,
Talvez o caminho seja longo,muito longo,
as imensas ávores quase centenárias
estendem-se num verdejante cansaço e
deixam espaço aos jovens arbustos,
esses sim, radiosos e viçosos.....
quase imponentes,
na sua curta existência.
A minha alma quer gritar bem alto...
ávores, arbustos, natureza imensa...
podem conversar, podem amar-se,
podem sussurrar
A Lua esconde-se radiosa,
Vai a noite harmoniosa,
O Sol nasce resplandecente,
Surge a manhã incandescente...
os meus desejos inquietam-me,
O meu coração chora.....
A minha alma tem frio e,
tu, nunca me bates à porta!
Ofélia Cabaço, 25 de Setembro de 2009
sexta-feira, 29 de abril de 2011
JOSÉ - O HOMEM
JOSÉ – O HOMEM
- Num deserto, onde a água era escassa e as árvores pendiam como velhinhas inconsoláveis, sedentas de frescura, vivia um Homem muito especial.
-Trabalhava de Sol a Sol sob o calor abrasador daquela terra longínqua, sempre com um ar muito sério e preocupado.
-Esperava por algo, que desconhecia e que demorava a chegar….. mas iria acontecer!
-Havia uma inquietação no seu coração e de certa forma uma desolação incompreensível……. O Mundo, os políticos, as pessoas, a vida, tudo estava muito confuso….que iria acontecer?
-Ao fim de cada tarde José sentava-se numa pedra junto à sua casa e ficava encismado, pensava nos seus anseios, nos filhos, no futuro e em todos os que O rodeava.
-De quando em vez, o céu, lá no horizonte, magicamente apresentava cores magnificas, alaranjadas e roxas, como o Sol intenso e os lilases do alpendre.
-Que fascínio, pensava José!
-Naquela hora de fim de tarde uma brisa ligeira, leve e marota acariciava-lhe os cabelos negros e José pensava : como é bom viver!
-Eis que, numa manhã silenciosa e muito quente conheceu uma jovem Menina que se chamava Maria.
-Ele sentiu toda a sua inquietude bailar na sua Alma, como uma gigantesca árvore que se abana de felicidade, quando há vento a sacudi-la…..
-José ficou apaixonado. Mas era uma paixão muito especial, como tudo na sua vida! Era uma paixão serena enternecedora e simultaneamente comovedora.
- Maria, sempre que olhava José sentia que as suas faces ruborizavam e pareciam duas cerejinhas a saltitar…. uma Luz brilhante e segura sorria-lhe!
-Era aquele Homem que se chamava José que ela queria para a sua vida, para a sua caminhada!
-Ele tinha grandes olhos escuros, muito brilhantes, muito doces, ele era forte, era trabalhador, era protetor!
-Sim, José queria proteger e amar Maria, e, numa noite luminosa com a Lua como testemunha, rodeados de lírios e jasmins disse-lhe muito baixinho junto ao seu coração trémulo de receios e muito amor: Amo-te Maria!
Ofélia cabaço 2011-03-14
Um Natal Especial
UM NATAL ESPECIAL!
Num casebre de madeira,
escondido entre duas laranjeiras,
havia um calor de amor e ternura
ao mesmo tempo que transmitiam
uma angustia e um medo silenciosos
Duas almas boas e amigas, inseparáveis,
entreolhavam-se timidamente............
Sabiam de antemão o que os esperava.....
uma luta de sobrevivência e amor!
O chão do casebre estava humido,
àquela hora da noite os milheiros não acendiam,
o lume dificilmente crepitava.....
reinava aquele silêncio que não se cala.........
o burrinho tinha fome,
José foi tratá-lo, acariciou-lhe os olhos
como se estivesse a pedir-lhe ajuda,
a sua ansiedade era gigantesca
o seu olhar carregava preocupação
A noite lá fora estava estrelada, apesar de tudo,
e, Maria, debruçada sobre a sua barriguinha
olhava José num mistico de aflição, esperança e alegria!
Ela, pediu a José que a ajudasse mas.......
José só podia abraçá-la com muita muita força,
sem que Maria o visse chorar!
Um facho de luz iluminou repentinamente o casebre....
Maria suada e feliz deu à LUZ.
Nasceu um menino tão belo, tão sereno .....
como as noites cálidas de um Verão preguiçoso!
O Menino olhou os Pais e sorriu,
Maria disse a José - ELE é força, ELE é Esperança,
ELE é especial......... que lindo o nosso MENINO!
Ainda não estavam refeitos de tanta emoção
quando três REIS MAGOS apresentaram-se,
com AMOR e oferendas.....
Na noite fria e escura uma Estrela Azul cintinlante
Brilhava alegremente…….
Lá longe muito longe ouviam-se os galos
num esplêndido concerto madrugador….
As laranjeiras choravam debruçadas
sobre o casebre….
Cheirava a laranjas……
Como em todos os Natais do nosso tempo….
no ar paira, um doce e saboroso cheiro a laranjas…..
Ofélia Cabaço- Dezembro 2010-21
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