domingo, 17 de julho de 2011

PAPOILA

No alto do monte, junto ao firmamento
sobrevive uma papoila vermelha, ondulante,
o vento passa teimoso tentendo derrubá-la,
o Sol ardente, bebe vezes sem conta a sua cor,
as formigas invadem o seu espaço, a sua força
e, ela, a papoila continua hirta, lutando,
um moinho quase derrubado, já cansado,
é o seu companheiro naquele silêncio ermita.
quantas histórias de vida e de amor
o moinho agora velhinho tem memorizado,
a papoila nasceu há dias,
mas a sua irmã sementinha sussurrou-lhe
ao ouvido os ecos do passado.....
então ... a papoila tem de sobreviver, de lutar
até criar as suas próprias sementes,
é uma honra tradicional no reino das plantas,
as urzes violeta bordejam aquela paragem,
zangaram-se com as urzes brancas que,
por sua vez, não puderam fazer multiplicação
e estender o  seu manto branco,
mas, à noite  são elas as urzes brancas
que iluminam o negro chão com a sua cor alva,
a lua acaricia o moinho, morna,  sonhadora,
mas.....um dia, passou  por ali um principe
montado no seu cavalo,
esbelto, de cabelos negros ao vento,
brilhava como o Sol, vestia casaco branco,
saltou do cavalo, colheu a papoila  e,
                                  colocou-a na sua lapela.
sem ter deixado sementinhas, a papoila
viu os seus sonhos e desejos desfeitos junto
ao coração de um principe desconhecido.


Ofélia Cabaço   2011-07-17

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