a praia de areia branca
até às rochas estende-se,
as rochas altivas,descrentes
são negras como o breu,
o dia começa cinzento!
o mar lava-lhes a cara com fúria,
.....dá gargalhadas sonoras,
que se fazem ouvir no horizonte,
então diz o mar às rochas:
inúteis, estão aí paradas,
à mercê dos ventos, da chuva,
do Sol e de mim que sou forte!
e....o mar continua a rir alto.
as rochas olham, tristes para ele,
desejam ter pernas ou asas,
fugir ou voar para muito longe...
mar ingrato, pensam as rochas,
tão cruel...................
e, assim paradas,ficam a olhar-se
num pasmo silêncio comovedor.
mas...........................
ao entardecer o mar veste-se
de túnica laranja, coloca chapéu
vermelho, brilhante estende-se,
calmo, sonhador, conversador,
deixa-se enternecer com as sereias,
as rochas mais aliviadas, babam-se
de espuma branca,
refrescam-se e conversam espevitadas
com os pássaros que por ali abancam
para pernoitarem....................
elas poem a mesa com toalha de espuma,
buzios, mexilhões, peixes e caranguejos,
a lua sorri, redonda como um queijo,
lá do alto, contempla o magnifico cenário,
a noite está calidamente encantadora,
e, ela, a lua, reflecte-se no campanário,
mas..... e o mar voltará a enfurecer-se?
interrogam-se as rochas, inquietas......
quem sabe? talvez ao amanhecer.
quanta força! quanta arrogância!
as ondas brincam, em dias de calmaria,
enrolam-se, carinhosamente riem,
muito baixinho, como quem chama por Maria
enquanto o mar se diverte e espreguiça
as rochas atentas, negras como o breu,
................vigiam a praia branca,
apesar do mau génio do mar..........
conhecem-se no tempo, na história,
tal como o pastor e o seu lebré
nas altas montanhas de largas ancas,
em silêncio, deixam-se adormecer
até que a aurora as vá saudar.....
e, tudo recomece.....novamente!
ofélia Cabaço, 02 de Junho de 2011
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