O serão de ontem foi deveras empolgante, diria até que aconteceram momentos de várias opiniões que conseguiram tocar profundamente a alma de todos nós. O programa Prós e Contras, reuniu personalidades de vínculo profissional, sentimental e até humano. Na minha opinião pessoal sou totalmente de acordo com a integração da Lei coadoção na nossa sociedade, e, em todo o mundo. Deverá ser uma Lei universal para contento das pessoas e das crianças desprotegidas. Eu tenho uma admiração muito especial p´lo Dr. Marinho e Pinto, por que é uma pessoa frontal, um advogado razoavelmente justo e sobretudo muito íntegro, não obstante, não concordo com a sua opinião em relação a este tema. Sou filha de pais separados. Tenho sessenta anos, vivi e cresci numa sociedade altamente religiosa onde a todo o momento condenavam a separação no casamento. Fui sempre a pontada desde a escola primária até ao Liceu. Mesmo nas vitórias intelectuais que consegui, entre elogios, havia sempre a penina de não ter os meus pais. Achei sempre que era diferente neste assunto. Ponta Delgada, uma cidade pequena, sempre e em qualquer circunstância, fazia-me recordar que era filha de pais separados. Uma sociedade de preconceitos sem limites. Fui bem tratada, mas, (nunca te esqueças!!!!!). Tive uma colega que era pertencente à religião protestante, lembro-me do dia, em que numa aula sobre o assunto religião, todos nós ficamos a saber a sua opção religiosa, e recordo muitas vezes, como ela fora apontada e desviada do tema. Os meus pais eram adultos inteligentes, separam-se, e esqueceram-se a vida toda de mim. Fui criada p´la minha tia e avó, com tios e primos e percebi sempre que não tinha os meus pais como as outras crianças. Ainda hoje, que sou uma mulher de sessenta anos, tenho esta mágoa. Se as crianças que são abandonadas e até muitas vezes vítimas de maus tratos pelos seus próprios pais, definitivamente agradecem uns pais que as amem e as encaminhem nesta vida com segurança, paz e estabilidade emocional. O facto de serem dois pais ou duas mães não impossibilita que as crianças tenham conhecimento sobre os genes e as famílias tradicionalmente constituídas p´lo casal heterossexual. Os tempos mudaram, felizmente a evolução tem vindo ao encontro da felicidade na pessoa, proporcionando mentes libertas de tantos dogmas que só servem para baralhar as mentes. Quem diria que hoje existem quase mais filhos de pais separados do que ao contrário. Na minha infância isso era impensável! Ainda hoje, li uma noticia de uns pais que colocaram o seu recém nascido no esgoto, foi uma maldade imperdoável, uma crueldade que não tem classificação, uma vez que até os animais protegem e cuidam das suas crias. Devemos sim acarinhar os sentimentos nas pessoas de bem, na sua generalidade, independentemente das suas opções sexuais. Uma criança feliz é uma criança feliz ponto final! Nenhuma criança deve sofrer, é um ser humano e tem o direito constitucional e moral de ser preparada com tudo que lhe é devido. Os governos é que, antes de serem PODER, devem ser HOMENS! Em pleno século XXI existem discussões como a de ontem na RTP – programa Prós e Contras, quando existem p´lo mundo afora milhares e milhares de crianças a morreram à fome com doenças altamente contagiosas, não me lembro de haver uma dedicação consistente e pertinente para amenizar tais sofrimentos. Falar todos nós falamos e o que fazemos? Devíamos, insistentemente, seja por qualquer meio, obrigar os responsáveis a resolverem esta catástrofe, que piora dia a dia. Estamos em pleno século XXI! Mas, reparamos que são discutidas coisas, que só por si, e p´la sua intenção, já ficaram faladas e resolvidas. Os pais que violam os filhos não merecem ser pais de ninguém, as mães que matam os filhos não merecem ser mães de ninguém. Pai e mãe é aquele que ama e cria e beija e acarinha e trata da febre e leva à escola e…abraça! Vivam as crianças. Queremos CRIANÇAS FELIZES. Ofélia Cabaço 2013 -05-28
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