terça-feira, 7 de maio de 2013

Senhora minha

Atrás das vidraças sonhei,
Árvores gigantescas dançavam
Fortes!
Ventos e tempestades olhei,
Triste, a minha alma somente
Nas mãos finas, trémulas,
Uma foto amarelecida, meia rota,
Uma senhora sentada,
Junto a uma imensidão de bétulas
Sonhadora, olhar distante, padecido,
Uma lágrima comprida percorreu
A minha face,
Quente, saborosa e amarga
Alongou-se na caricia até ao tecido
Voltei-me, o vendaval!
Uma velha espreitava à porta
A minha alma tão triste, fatal,
Esperava ansiosa por ninguém
Alguém me liberta desta cisma?
E, o vento batia na vidraça,
E, eu não ria,
Não tinha fome de nada!
Dormir Não!
E o vento que não para!
Não tenho nada, tenho tudo,
Solidão, silêncio (…)
Sonhos e folhas caídas
Minha senhora linda, quem és tu?
Onde estás?
Porque não gostas de mim?

 

Ofélia Cabaço  2013-05-0

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