terça-feira, 28 de maio de 2013

Crianças, mais Crianças, e sempre as Crianças

O serão de ontem foi deveras empolgante, diria até que aconteceram momentos de várias opiniões que conseguiram tocar profundamente a alma de todos nós. O programa Prós e Contras, reuniu personalidades de vínculo profissional, sentimental e até humano. Na minha opinião pessoal sou totalmente de acordo com a integração da Lei coadoção na nossa sociedade, e, em todo o mundo. Deverá ser uma Lei universal para contento das pessoas e das crianças desprotegidas. Eu tenho uma admiração muito especial p´lo Dr. Marinho e Pinto, por que é uma pessoa frontal, um advogado razoavelmente justo e sobretudo muito íntegro, não obstante, não concordo com a sua opinião em relação a este tema. Sou filha de pais separados. Tenho sessenta anos, vivi e cresci numa sociedade altamente religiosa onde a todo o momento condenavam a separação no casamento. Fui sempre a pontada desde a escola primária até ao Liceu. Mesmo nas vitórias intelectuais que consegui, entre elogios, havia sempre a penina de não ter os meus pais. Achei sempre que era diferente neste assunto. Ponta Delgada, uma cidade pequena, sempre e em qualquer circunstância, fazia-me recordar que era filha de pais separados. Uma sociedade de preconceitos sem limites. Fui bem tratada, mas, (nunca te esqueças!!!!!). Tive uma colega que era pertencente à religião protestante, lembro-me do dia, em que numa aula sobre o assunto religião, todos nós ficamos a saber a sua opção religiosa, e recordo muitas vezes, como ela fora apontada e desviada do tema. Os meus pais eram adultos inteligentes, separam-se, e esqueceram-se a vida toda de mim. Fui criada p´la minha tia e avó, com tios e primos e percebi sempre que não tinha os meus pais como as outras crianças. Ainda hoje, que sou uma mulher de sessenta anos, tenho esta mágoa. Se as crianças que são abandonadas e até muitas vezes vítimas de maus tratos pelos seus próprios pais, definitivamente agradecem uns pais que as amem e as encaminhem nesta vida com segurança, paz e estabilidade emocional. O facto de serem dois pais ou duas mães não impossibilita que as crianças tenham conhecimento sobre os genes e as famílias tradicionalmente constituídas p´lo casal heterossexual. Os tempos mudaram, felizmente a evolução tem vindo ao encontro da felicidade na pessoa, proporcionando mentes libertas de tantos dogmas que só servem para baralhar as mentes. Quem diria que hoje existem quase mais filhos de pais separados do que ao contrário. Na minha infância isso era impensável! Ainda hoje, li uma noticia de uns pais que colocaram o seu recém nascido no esgoto, foi uma maldade imperdoável, uma crueldade que não tem classificação, uma vez que até os animais protegem e cuidam das suas crias. Devemos sim acarinhar os sentimentos nas pessoas de bem, na sua generalidade, independentemente das suas opções sexuais. Uma criança feliz é uma criança feliz ponto final! Nenhuma criança deve sofrer, é um ser humano e tem o direito constitucional e moral de ser preparada com tudo que lhe é devido. Os governos é que, antes de serem PODER, devem ser HOMENS! Em pleno século XXI existem discussões como a de ontem na RTP – programa Prós e Contras, quando existem p´lo mundo afora milhares e milhares de crianças a morreram à fome com doenças altamente contagiosas, não me lembro de haver uma dedicação consistente e pertinente para amenizar tais sofrimentos. Falar todos nós falamos e o que fazemos? Devíamos, insistentemente, seja por qualquer meio, obrigar os responsáveis a resolverem esta catástrofe, que piora dia a dia. Estamos em pleno século XXI! Mas, reparamos que são discutidas coisas, que só por si, e p´la sua intenção, já ficaram faladas e resolvidas. Os pais que violam os filhos não merecem ser pais de ninguém, as mães que matam os filhos não merecem ser mães de ninguém. Pai e mãe é aquele que ama e cria e beija e acarinha e trata da febre e leva à escola e…abraça! Vivam as crianças. Queremos CRIANÇAS FELIZES. Ofélia Cabaço 2013 -05-28

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Escada Mágica

O mar verde, além azul
Com franjas de alabastro
Saúda caravelas com mastros
Bandeiras flutuantes no horizonte
Laranja com reflexos de sangue
Sonhos desfeitos no fundo do mar
Reinados com flores oscilam
Pintados de cores exóticas
A luz do peixe-lua,
Iluminando com sons e tons
E, o sonho renasce,
Quieto e manso no seu remanso
Sobe escada ingreme, com degraus
De algas tontas com cheiro a mortos
Acontecem novas cores
Verdes pálidos, ondas azuláceas
Nuvens com recortes de ninfas
Que se espalham do mar ao firmamento
O mar imenso, misterioso e belo
Raptor de vidas e sonhos!
O mar que eu amo,
Leva e traz os mais belos sons!

Ofélia Cabaço 2013-05-19

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Pantera É

E porque é pantera
Viaja por mundos luxuosos
Assiste a ritmos ociosos
O mais poderoso tivera
Casacos de tigre oh que vaidosa
Assalta sentimentos houvera
Joias, pedrarias que lhe contente
A importância das cousas
O viajante sabe, é chique!
Nos salões porcelanas antique
Boquilhas exibidas
No ar fumaça de alambique,
Ah sociedade, que fineza
Roga em tempos de tristeza
Calca nas épocas de abastança
Eras(…) transbordantes de algazarras
Não sabe o viajante ouvir as cigarras
Ignora os sons em noites clementes
É com certeza uma chaga ridícula
Buscar a essência, fado impertinente
Viajam míseros de rua em rua
Espectros náufragos, irritação!
Vilas só para eles e, também a lua,
Pantera é, de nada saber,
Ah sociedade que fineza!
É levantar a xícara, arrebitar
O mindinho e abanar o leque!
É fineza!
Levantem seus braços magros!
Oh míseros, filhos da infortuna
 
Ofélia Cabaço   2013-05-23

Amizade!

Amizade! Chávena de chá
Fervilhante na selva do frio,
Aconchego num abraço etéreo
Na alma da amizade sem pio
Floresce a cada hora fraternidade
Vago lugar para a cumplicidade
Onde estás? Diz-me tu!
Luz venturosa nas aflitivas noites
Esperança p´ra corações descrentes
Um beijo na face, afago nos cabelos
Uma chávena de chá com sabor a jasmim
Enlevo da verdade, esquecimento de mim
D´outrora águas sumidas se consomem
Hoje os presságios dormem
Onde estás? Diz-me tu!
Amizade com cheiros a almíscar
Soma de algarismos ímpares, buscar
Gigantes em si própria, flores férteis
Pombas brancas em corações fiéis
Da amizade só sabe quem sente!
Onde estás? Diz-me tu!

 Ofélia Cabaço  2013- 05-22

domingo, 19 de maio de 2013

Visita

Jesus, tive medos e frio
Passei por atalhos sombrios
Chorei na solidão, teu olhar dorido
Nasci dum galho partido (…)

Fitaste-me Jesus, agonizante,
Colocaste tua mão no meu ombro
Ergui-me estonteante dos escombros
Contigo caminhei num instante,

Meu pai, minha mãe, meus irmãos,
És TU Jesus, com minha avó do teu lado
Serenos, abrandam minhas emoções
Não me abandonem no caminhado
Ajudem-me no pescado!

Aquele frémito galho partido
Cobriu-o a neve!
Do princípio ao infinito, desaparecido!
Do pecado original ao gesto, esteve
No lamaçal do abandono ido.
És TU Jesus o meu Pai!

No silêncio místico da capelinha
Ajoelhei e orei,
Tua bondade chamei
Teu Amor implorei!

 

Ofélia Cabaço 2013-05-15
 

Faia Micaelense

Debaixo da faia centenária, ela
Descalça e vestida de organsim
Reza aos deuses p´ra bem dela
Antero, personagem do seu jardim
Observa de soslaio a melancolia
Peregrino do seu amor, lia
Numa serenidade etérea!
Ela, enfrenta o desassossego
Alma danada, teimosa, impiedosa!
Aclara a memória danosa,
Mais uma vez a persegue e divaga
Na solidão da sua existência,
Prantos num sopro de clemência
A ave que sobrevoa feroz vaga,
Ao longe o mar ciciando ralhos
Náufragos de sonhos grisalhos
Regressam para as tardes de oiro
A terra,
Com reflexos dos cabelos de tágides  
A faia chora seus frutos miudinhos,
Rumoreja pios de prezados ninhos
Ela pergunta: como te chamas?
Pesar- responde- somos companheiras!
Lamentos!
Porque me torturas? Silêncio e desalento!
A faia enfeitou seu vestido de organsim
 

 Ofélia Cabaço  2013-05-17


 


 

Penha

Amar se vale a pena
Há quem diga sempre
Amores nas jangadas
Sobre marés impetuosas
Vão e vêm, vêm e vão!
Os meus partiram
Deixaram gargalhadas
Ecos nos meus braços
Que se estendem nas trevas
Inda há pouco!
Agonia que caminha
Em busca de tosca penha

 

Ofélia Cabaço   2013-05-19

Escada Mágica

O mar verde, além azul
Com franjas de alabastro
Saúda caravelas com mastros
Bandeiras flutuantes no horizonte
Laranja com reflexos de sangue
Sonhos desfeitos no fundo do mar
Reinados com flores oscilam
Pintados de cores exóticas
A luz do peixe-lua,
Iluminando com sons e tons
E, o sonho renasce,
Quieto e manso no seu remanso
Sobe escada ingreme, com degraus
De algas tontas com cheiro a mortos
Acontecem novas cores
Verdes pálidos, ondas azuláceas
Nuvens com recortes de ninfas
Que se espalham do mar ao firmamento
O mar imenso, misterioso e belo
Raptor de vidas e sonhos!
O mar que eu amo,
Leva e traz os mais belos sons!

Ofélia Cabaço  2013-05-19

sábado, 18 de maio de 2013

As pessoas cada vez mais me desiludem. quase ninguém é capaz de manter uma amizade sã e com sentido para a vida. as pessoas gostam de ter com quem partilhar as suas mágoas, especialmente com quem as compreende, mas, não gostam da retórica do por exemplo: ( penso que não é bem assim....o teu procedimento está desta ou daquela maneira exagerado) porque os amigos servem para ouvir e aconselhar o que acham que está errado, com opiniões divergentes e conclusivas, no que respeita ao que está certo ou não, obviamente, admitindo a controvérsia. mas as pessoas, quando estão no seu conforto  até temem serem incomodadas,esquecem que o amigo que está sempre a ouvir e a dedicar atenção, também precisa de vez em quando um Olá! depois têm sempre como prioridade os seus interesses, não vá o diabo tecê-las! todo o Ser que é frontal, não obstante ser amigo em todas e quaisquer circunstâncias, é sempre um alvo a abater nesta ganância de interesses. cada vez mais, considero com maior apetência, aquela analogia de que: "sou teu amigo desde que não me ultrapasses em nada!" de mim para mim prefiro estar só, mais vale uma solidão desejada do que, ao longo dos tempos  concluirmos que estamos realmente SÓS! o pior para mim, é quando as pessoas acham e se julgam muito especiais e nem sequer dão espaço para nos ouvirem! nós relevamos, pensando que cada pessoa é como é, e, enaltecemos as qualidades que achamos serem sinceras! mas isto não é considerável, por experiência, não devemos deixar as águas do rio correrem à tona, rumo a hipotéticas tempestades, porque mais cedo ou mais tarde serão evidenciadas as ditas tempestades. não há alma que aguente tamanhas ingratidões! sou uma pessoa com muitos defeitos, mas se existe algo que preservo e honro são a lealdade e o desinteresse de qualquer forma ou feitio. quem me dera viver num bosque rodeada de macacos! sentir os pés assentes no rumorejar de folhas esquecidas! um abraço aos de bem! 
 
 
Ofélia Cabaço  2013-05-17

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Escuta-me!

Ouve Oh vento, leva minhas mágoas
Areja meus tristes pensamentos
Deixa-me na pureza do amanhecer
Ajuda-me a viver na doçura repousante
Dum laranjal doirado, perdido na pradaria
Vai vento, desfolha pétala a pétala aquelas(…)
As silvas que semeiam medos no meu quintal
Traz-me novas de um amor de cristal
Dias apaixonantes de fulgor e ardor
Feridas saradas sob ramos de ciprestes
Águas cristalinas com cheiros de magnólias
As jarras da minha cómoda com azálias
Choram o deserto de florestas derrocadas
Leva-me vento para terras inocentes
Faz de mim um lago encantado, bebe-me!
Um corredor de silêncio comovedor
Assobia a tranquilidade do meu desejo
Lava Oh vento, minha alma nas marés
Um corpo de sereia, aroma d`algas
Um rumorejar com vestígios de pés
E, uma lágrima silenciosa e fria
Sobe aos céus na fragilidade da alegria!

 

Ofélia Cabaço  2013-05-15 

Visita

Jesus, tive medos e frio
Passei por atalhos sombrios
Chorei na solidão, teu olhar dorido
Nasci dum galho partido (…)

Fitaste-me Jesus, agonizante,
Colocaste tua mão no meu ombro
Ergui-me estonteante dos escombros
Contigo caminhei num instante,

Meu pai, minha mãe, meus irmãos,
És TU Jesus, com minha avó do teu lado
Serenos, abrandam minhas emoções
Não me abandonem no caminhado
Ajudem-me no pescado!

Aquele frémito galho partido
Cobriu-o a neve!
Do princípio ao infinito, desaparecido!
Do pecado original ao gesto, esteve
No lamaçal do abandono ido.
És TU Jesus o meu Pai!

No silêncio místico da capelinha
Ajoelhei e orei,
Tua bondade chamei
Teu Amor implorei!

 

Ofélia Cabaço 2013-05-15

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ser Ator

Vive o ator glórias e amores
Cenas, com capas da desgraça
Outras, plenas de êxtase e cores
Acontecem vezes sem conta
Quisera ser real a pujança
Fingida sempre a mordaça

Morre o ator, renasce, proclama
Ama, bajula, mata e ri
Grita, fala poesia e chora
È personagem na empírica chama
Bobo, Príncipe, Rei e mulher
Na estrada marca a hora!

O relógio da vida não para,
Há pouco era Rei, agora vagabundo!
Ator figura de encanto e mágoa
Aristocrata de sonhos e quimeras
Vagueia por palcos de Lisboa a Goa
Finge ser fidalgo de outras eras
Muitas vezes de velhinho, a velhice!
Agora vagabundo!

Ofélia Cabaço  2013-05-13

Passado no Presente

Nas margens de um rio que fora
Bebi saudade e saudei a flora
Caminhei canadas do além afora
Mastiguei amarelos saramagos
Desviei sentimentos amargos
Pomares de virtuosos frutos
Floresceram e atapetaram pedras
Para ti estenderam seus ramos
E eu, de Ti!
Tímida e receosa, esperei por ti
Minha Alma era festa, Incertezas!
Abundavam aromas de azedas
Mas o vento vergou-as sem dó
Na minha garganta rouca um nó!
Teus braços apertaram-me num só,
Feliz, olhei o firmamento, agradeci!
Contigo fiquei e os sabores esqueci!

 

Ofélia Cabaço  2013-05-13

 


 

domingo, 12 de maio de 2013

Vi o Mar

Fui ver o mar imenso, tão azul
Brilhante de luz e cores
Ouvi o seu rumorejar sensual
Ofereci  às ondas tímidas carícias
Com pasmos de alegria e sons
Molhei meus pés, lavei a alma
O mar que me conhece!
Ciciou-me queixumes de menino,
Docemente foi e veio, veio e foi!
No horizonte trigal doirado
O Sol! Ruborizado brincava,
Estendia corpo de mulher formosa
Longos cabelos doirados!
Um espelho de tonalidades mágicas
E, o mar no seu sussurro!
Muito terão as ondas p´ra contar!

Ofélia Cabaço  2013-05-12

Palco

Subo ao palco e clamo
Na cena, meu grito desesperado
Minha alma, pequenina, assustada
Silencio porque a palavra é : Amo!

Depois eu anseio
P´lo amor de mãe e seio
Ajoelho-me, rogo piedade
Refugio-me no colo da ansiedade

Palco, lugar das vidas
Paraíso dos poetas
Palavra dorida
Lágrimas frias, bramidos
Melancolia e chuva violeta


Ofélia Cabaço 2013-05-12

sábado, 11 de maio de 2013

Demência

Camilo viu a bruxa, escreveu!
Córdova com subtis primaveras
Não havia moinhos de vento,
Apenas caminhos!
A mulher que fora amada
Que amou fervorosamente
Um filho na mente,
O Amor!
Vagueava por carreiros e aldeias
A bruxa! Fechavam-se as portas,
Nas janelinhas, luzes ténues, olhos!
Silêncio medroso naquele tempo,
Na rocha lá no alto, giestas secas,
Pergaminho enrugado dum passado
O Amor!
Ao alvor, a bruxa chorava, gemia!
Um bebé embalava, junto ao peito,
A bruxa! (….)
A mulher que amou e encantava
Um herói da Pátria, esfumado!
Santuário do amor e lealdade,
O coração transparente da essência!
Volátil como o voo das aves,
Monges facciosos, cruéis!
Campos desertos de tudo, pedras!
Um gládio profícuo, Vidas!

 Ofélia Cabaço  2013-05-11

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ele, Pessoa

 Rio de palavras foi Pessoa
Percorreu  planaltos gelados
Amante dos Outonos magoados
Derramou roxo nos lenços
Abandonou Ofélia no elenco,
Ofélia, sua linda “nina”, musa!
No coração adormeceu solidão
Sem forma e sentido, condão!
Em noites pasmadas a desolação
Num sucedâneo de inspiração
Criou! e amou e viveu e bebeu!
Pessoa! O Génio Plebeu,
Passaram cortejos na sua rua
Amores e auroras nuas
Espíritos ironizando o tédio
Por fim passadas no escândalo
Batem no silêncio da noite!
Chapéu à Chaplin, velhinho (…)
Retorno desejado à Brasileira
No quarto, a sós com o íntimo
Na intimidade da imperfeição
Farto da sua perfeição,
Cismou no disfarce do pintor!
Música ao longe, bobos saltitantes,
Abertura de asas no infinito
Cortinados de borboletas esvoaçantes,
Um imenso espaço sem troféus!
Embevecido na magia crepuscular
Adormeceu para sempre!
Morreu o Poeta!

Ofélia Cabaço   2013-05-10

Éramos Três

Unidos os três
Os três, palmilhamos léguas
Partilhamos a três  dignidade
Amizade, afetos, cumplicidade
Um dia surgiu a piruças
Atenta, vigiava nosso canto
Risos, ironias subtis, os três,
Ao jantar, contos e conversas
Acontecimentos inesperados
Explícitos (…) por via do implícito!
Éramos três,
À roda da roda dos três,
Resoluções!
Momentos cinzentos, superados
Os três,
Viajaste num dia de chuva,
Choramos os três,
Prenúncio do futuro, enredado!
Teu quarto silencioso, cheiro de ti,
Saudade!
Éramos Três
À mesa dois, os três!
Nos nossos corações timidez
Com receios de sensatez
Na noite ouvimos barulho, em baixo,
Desci a escada, enfrentei,
Não era nada, ninguém como tu,
Subi apressadamente,
Escondi a cabeça somente
Conversei com deuses e fadas
Fiz o esforço do canto,
Éramos Três
Respirei fundo, a alma doía!
Senti saudades do teu café,
Da tua torrada com fé
Lembrei a minha cusquice
Naquele dia, curiosa, escutei
Na porta do teu quarto, tossi!
Esqueci-me que estava a cuscar
Abriste a porta num relance,
Eu disse - Olá!
Rimo-nos os dois, às lágrimas!
Tu serás sempre tecido de mim
És a mais bela flor do nosso linhal.
Foste o símbolo do meu viver!
 

 Ofélia Cabaço, 2013-05-10

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Espiga

No campo procurei margaridas
Avistei um planalto excelso
Rodeado de pão e papoilas
Lençol doirado, trigo bamboleante,
Corri afogueante, quanta beleza!
Quanta paz e harmonia
Deus meu, a natureza!
Magnificiente nas suas cores
Consegue sussurradamente
Amenizar minhas dores
O ar, Os cheiros, o Sol, o Vento
Sou rica, muito rica, festa!
Penso, amo, escrevo, respiro
Papoilas rubras jazem na tarde
E eu? consigo ser  feliz!

 

Ofélia Cabaço 2013-05-09

terça-feira, 7 de maio de 2013

Senhora minha

Atrás das vidraças sonhei,
Árvores gigantescas dançavam
Fortes!
Ventos e tempestades olhei,
Triste, a minha alma somente
Nas mãos finas, trémulas,
Uma foto amarelecida, meia rota,
Uma senhora sentada,
Junto a uma imensidão de bétulas
Sonhadora, olhar distante, padecido,
Uma lágrima comprida percorreu
A minha face,
Quente, saborosa e amarga
Alongou-se na caricia até ao tecido
Voltei-me, o vendaval!
Uma velha espreitava à porta
A minha alma tão triste, fatal,
Esperava ansiosa por ninguém
Alguém me liberta desta cisma?
E, o vento batia na vidraça,
E, eu não ria,
Não tinha fome de nada!
Dormir Não!
E o vento que não para!
Não tenho nada, tenho tudo,
Solidão, silêncio (…)
Sonhos e folhas caídas
Minha senhora linda, quem és tu?
Onde estás?
Porque não gostas de mim?

 

Ofélia Cabaço  2013-05-0

Mãe

Mãe, quem a tem
Quem a teve também
De mim, Mãe que sou
Aquele/a que não a achou
Abraço profundo, Vivas
Mães que são Divas
Virgem Mãe do todos/as
Uma oração, Proteção,
A devoção!
Mãe do céu perdoa-nos
Incertezas, mágoas e rixas
Girassóis com violetas roxas
Mãe para quem não a teve!

 
Ofélia Cabaço   2013-05-05

domingo, 5 de maio de 2013

A AMA

As mães que não são, mas criam
Que amam o abandonado, o órfão
Têm abrigo protetor no coração
Espaço para amor e ralhos
Um altar bendito, iluminado
Com berço para os que ficam
Pão e água com amor repartido
Sorrisos que escondem o “angustiado”!
Mãos grandes, que afagam, tocam!
Não existem pensamentos de ida
Olhares condoídos (…) fica!
Noites de tempestades, aconchego,
Febres e arrepios agasalhados
Beijos, lágrimas de contentamento
Êxitos inesperados, coragem
Os filhos, homens com dignidade

Preces!
Felizes, irremediavelmente Filhos!
Rumo aos caminhos da vida, liberdade
Conselhos, reprimendas à mistura,
Saudades do bebé, tortura!
Mães que não são, mas foram!
Presentes nos labirintos, as mães!
Com vassoura afastam agoiros,
Têm garras de leoa, ninhos intocáveis,
As mães que não são, mas criam,
Bendita seja a Mãe que criou!

 
Ofélia Cabaço  2013-05-05
 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Oh vento, oh vento, oh vento,
vento oh, vento oh, oh vento
Oh vento, oh vento, oh vento,
vento oh, vento oh, oh vento
oh vento, oh vento oh vento
 
Ofélia Vendaval
 
2013-05-01

Vida

Vida é uma dádiva com mergulhos
Águas turbulentas, fundos e superfícies
Como a Lua metamorfoseia os luares
A vida oferece-nos Primaveras mutáveis
Delirantes transbordantes de flores
Virtuosas, flamejadas de sonhos amáveis
E, também, bosques de quimeras roxas
A vida oferece,
Campos vazios do nada, paradoxo!
Almas gémeas da minha vagueiam!
Transe de loucura intransigente
Dentro de mim, para mim, mente
Cresci sem asas numa caixa doirada
Vivi a flutuar como onda nua
Gaivotas vadias em torno do nada
Barcos de bronze pespontando o finito
Precipícios, arribanas e eu à beira!
O Sol lá no alto a proteger-me com fulgor
Intensa a minha dor!
Algemas postiças,  lenços brancos
As gaivotas!
Nos olhos alimentei visões caridosas,
Subi montanhas, recebi afagos,
Nas águas, pétalas esvoaçantes,
Flutuaram nas passadas do passado
Na terra, tapetes escorregadios, musgos,
As pedras!
Foram  bússolas no meu horizonte
A vida com vestido de madrasta!
A vida que vale TUDO, às vezes NADA!

 
Ofélia Cabaço 2013-05-01