quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O trevo


O trevo da sorte tem quatro folhas,
Especial, esconde-se entre os demais
À sombra de uma parra velha
Não se deixa comer pelos animais;
Passeiam flores campestres no terreno,
Os trevos dançam e riem, mas aquele não!
Receoso, o trevo mantém-se alerta e sereno
A mosca varejeira, enjoada enxota o cão;
Gafanhotos, com desejos por vegetais,
Desenham círculos à volta do trevo
As borboletas redopiam brilhantes como metais,
Lá no esconderijo, uma galinha põe seu ovo;
As flores silvestres fazem uma alegre algazarra
O sol brincalhão esconde-se na copa da árvore,
O trevo de quatro folhas, finge ser uma guitarra
Todos os trevos cantam para que o amigo não chore;
As margaridas e as papoilas, unem-se numa grinalda
Coroam a cabeça loira de um espantalho,
O caçador apanha uma lebre sem espingarda
Coloca-a no ombro e segue pelo atalho;
À noitinha, quando se estende o luar,
Os monges desfolham marcelas,
Brincam felizes, com pernas para o ar
Colhem trevos, para embelezar celas;
Os trevos de quatro folhas são uma mascote,
São procurados ferverosamente para coleção
Tal como os outros trevos, aceitam a morte
Em uníssono, na pradaria, escrevem uma canção
Nas páginas dos livros preferidos
Jazem trevos de quatro folhas, amarelecidos!
À sua cor natural, impõem-se matizes contidos
São viajantes nos caminhos esquecidos;
Todos devem ter, de quatro folhas um trevo,
Guardá-lo num cantinho dum lugar inesquecível
Com ele imaginar  sem qualquer estorvo,
Mundos com sabores de um sonho aprazível!

Ofélia Cabaço  2013-01-03

 



 

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