terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Na Serra

Rostos agrestes, corações de oiro
Palmilham atalhos, vigiam gado
Perto de Deus agradecem seu tesoiro
Bradam pelo Sol por não ter chegado

 Ovelhas berram nas encostas
Sinos ao longe avisam as Trindades
Molhos de giestas carregam as costas
Da serra à aldeia contam-se novidades

 Morreu a ti Maria, tristes, as nuvens choram
O nevoeiro estende-se como mantilha rota
O silêncio é soberano, as horas param
Cheira a lume e caldo, e ninguém arrota!

 Mulheres usam capucha envolvente
Parecem fantasmas sem boca
Escondem seu rosto sem dente
Rejeitam falatórios de cabeça oca

 Choros e prantos passeiam a noite
Está de partida uma santa mulher
Sua alma voou lá para norte
Os amigos rezam até amanhecer.

 

 
Ofélia Cabaço- 2013-01-28

 

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