quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Pedra

Do alto rochedo rola a pedra
Feliz e realizada sente-se liberta
Vem uma onda sem demora
Leva a pedra muito esperta

 Uma menina brinca com ela
Carrega-a no cesto até seu jardim
A pedra receosa, flagela
Naquele abandono assim

 À sua volta bordados de goivos
Suspiram aromas maneiros
Pedem que a leve os corvos
Que a deixem junto a ribeiros

 A pedra no bico voa, rente ao firmamento
É deixada ao abandono em águas cristalinas
Toda molhada não tem pensamento
Delira por chegar até às colinas

 A nascente zangada a pedra rejeita
Um limo brincalhão cobre-a com sua jaqueta
Ela, infeliz, clama o seu rochedo
Passa um homem que a atira sem medo

 Agora o seu pensar é contentamento
Nas margens do ribeiro rebola-se num instante
Nas noites de luar observa encantamento
Fica com saudades do que está distante

 

 Ofélia Cabaço 2013-01-28

 

 

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