quinta-feira, 19 de março de 2015

Nossa Senhora e o Rouxinol

Certa noite quente de Maio, passou Nossa Senhora por um caminho estreito que levava a uma esplêndida vinha. Estava luar e  a noite era de uma plena serenidade; de repente, a Virgem Maria ouviu no silêncio o piar aflito de uma ave; era como se fosse uma queixa apelativa.
Com pena, Nossa Senhora correu para o sítio de onde vinha o choro, e deparou com um rouxinol preso pela gavinha da videira.
Então, Nossa Senhora com as suas mãos hábeis, desenrolou as patas do rouxinol livrando-o do enleamento das pontinhas da videira, e suavemente, recomendou-lhe que não mais se deixasse adormecer enquanto crescessem os fios esguios da videira. Feliz, o rouxinol voou até ao mais alto, num agradecimento à Virgem, finalmente estava livre e podia voar...
Desde então, o rouxinol canta sempre de noite para não adormecer, e em forma de gratidão, os seus gorjeios são assim:
Nossa Senhora disse… disse… disse…
Que, enquanto o gavião da videira subisse, que não dormisse, que não dormisse… que não dormisse…
Nas noites, quando ouvires o rouxinol cantar, tenta escutar:
Nossa Senhora disse… disse… disse…

Ofélia Cabaço

2015-03-19


Sem comentários:

Enviar um comentário