Certa noite quente de Maio, passou Nossa Senhora por um
caminho estreito que levava a uma esplêndida vinha. Estava luar e a noite era de uma plena serenidade; de
repente, a Virgem Maria ouviu no silêncio o piar aflito de uma ave; era como se
fosse uma queixa apelativa.
Com pena, Nossa Senhora correu para o sítio de onde vinha
o choro, e deparou com um rouxinol preso pela gavinha da videira.
Então, Nossa Senhora com as suas mãos hábeis, desenrolou
as patas do rouxinol livrando-o do enleamento das pontinhas da videira, e
suavemente, recomendou-lhe que não mais se deixasse adormecer enquanto
crescessem os fios esguios da videira. Feliz, o rouxinol voou até ao mais alto,
num agradecimento à Virgem, finalmente estava livre e podia voar...
Desde então, o rouxinol canta sempre de noite para não
adormecer, e em forma de gratidão, os seus gorjeios são assim:
Nossa Senhora disse… disse… disse…
Que, enquanto o gavião da videira subisse, que não
dormisse, que não dormisse… que não dormisse…
Nas noites, quando ouvires o rouxinol cantar, tenta
escutar:
Nossa Senhora disse… disse… disse…
Ofélia Cabaço
2015-03-19
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