quinta-feira, 19 de março de 2015

Foice aos Sonhos

Dois vultos olham-se…
Perdidos num reino sem Vida
Olhares profundos, mãos sem lida
Saudade da Saudade que viria…

Ninfas entorpecidas
Vida tortuosa
Amores platónicos
Poetas adormecidos
Sorrisos…
De pobres palhaços,

Dois vultos olham-se…

Sonhos e piruetas
Saltos e pés
Voos e asas
Flores e pétalas
Pintores e telas,

Dois vultos olham-se…

Operários sem máquinas
Lojas sem portas
Polícias sem armas
Palácios sem reis
Oficinas sem som
Povos sem casas
Crianças sem amor

Dois vultos olham-se…

Amor e silêncio
Afagos e mágoas
Caminhos e pedras
Mares e horizontes

Dois vultos olham-se…

Lábios trémulos
Rostos ansiosos
Uma só flor…
Roxa de sua cor
Como um mancha no sonho



Ofélia Cabaço
 2013-02-27




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