quarta-feira, 18 de março de 2015

Ensinem-me

Ensinem-me a viver em sociedade

A lição seria sorrir à impiedade

Deixar de usar a franqueza, num faz de conta

Dar, dar e voltar a dar e não corar,

Rir muito, manter poses e não narrar

Ajudem a esquecer as afrontas

 Viver e não ouvir o meu sentido

Ao invés, concordar com o absurdo

Abanar a cabeça como louca e surda

Esquecer valores e ideais mantidos

 Ouvir conselhos tísicos e vivas de idiotas

Enredar-me na ganância dos agiotas

Parecer bem sem bem-querer, ensinem-me!

Ser fachada no meio da confusão

Ser gente sem qualquer estimação,

 Os meus ideais manchados de tintas

Com pinceladas de vassouras sujas

Na verdade ser uma finta

Ceder a morte à minha alma

Ensinem-me!

 Ser fantasma no mundo e vivalma

Beber em chávenas que não têm chá (..)

O chá!

Ensinem-me tudo quando eu for muda

Orientem a minha mente para o que há

 Não apaguem nunca, a minha poesia!

Deixem-me escrever a minha essência

Fazer de conta é não ter azia

Meu coração não aguenta mais paciência!

 

Ofélia Cabaço


 2013-08-07



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