segunda-feira, 23 de março de 2015

Abril

Abril sacode os dias com chuvas mil
E as tardes timidamente quentes
Se misturam na doçura revigorante
Duma névoa de lágrimas..., uma subtil
Natureza que oferece pombas e Sol
Minh´alma e o sabor efémero da Paz
Trazem-me as mais belas recordações…
Íntimo sentimento cor-de-rosa com poesia
E flor de amendoeira, e eu, prisioneira
Das coisas que lembro… anestesia
Compacta que envolve o ar com cheiros
De alfazema e alvas japoneiras…

Os pomares que conheço, mealheiros
De insaciada natureza, inconformada,
Cemitério de vergel e o canto passageiro
Duma felicidade calada, desenganada…
Abril, a serenidade dos dias, levitação
Do real ao irreal,
O alimento dos meus sonhos, grãos
De trigo em mar de searas, o meu coração
Rejubila e papoilas ondulantes ao rubro
Das minhas ilusões, inclinam-se e se ajoelham,
Colorindo de vermelho exangue a minha seara…
E a verve tece preces que se ouvem na solidão
Do fim, aonde apenas UM  me escuta…

Ofélia Cabaço
2015-03-23



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