sexta-feira, 13 de março de 2015

Não Sei para Onde Fui,

Não sei para onde fui
Porque não sei onde estou
Minh´alma estouvada frui
Num lugar que a encantou

Quem sou, não sei…
Ontem fui rosa encarnada
Hoje marcela alienada
Num campo desflorido, eu sei
Que amanhã será espectro
A nudez que ao meu corpo cobre
Com vestidos de cetim
Esquecendo-se de mim
Me entontece e me deixa pobre

Quem és? Pergunta a Voz
Aquela que me atormenta ao desespero

Então balbucio:
Se quisesse seria uma doce borboleta
Se soubesse queria ser pateta
Porque os patetas são felizes
E o meu coração nunca estaria de luto
Daria frutos e boas raízes…
Andar com pernas trémulas e olhar de cera
Eu não desejo,
Quero antes ser árvore ou poejo
Do que nada me dizerem do que eu era;

Só uma vez contemplei:
Fui cadáver em campo de guerra
Guerreira nascida de salubre terra
Terra fertilizada com o bem-querer
Depois…
Ave com ninho numa nuvem, envolta
De ardentes prazeres, florestas e montanhas
Catedrais de Afrodite…, as estrelas
Que se miram em noites de lua cheia
Nas águas reluzentes dos rios, candeia
Que separa dos amores-perfeitos, os imperfeitos,
Uma flor, e outra flor unidas no júbilo de se Ser
O vento fustigou o ninho num sopro feito
E, uma mão grande e quente me levou.

Ofélia Cabaço
2015-03-13





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