Não
sei para onde fui
Porque
não sei onde estou
Minh´alma
estouvada frui
Num
lugar que a encantou
Quem
sou, não sei…
Ontem
fui rosa encarnada
Hoje
marcela alienada
Num
campo desflorido, eu sei
Que amanhã
será espectro
A
nudez que ao meu corpo cobre
Com vestidos
de cetim
Esquecendo-se
de mim
Me
entontece e me deixa pobre
Quem
és? Pergunta a Voz
Aquela
que me atormenta ao desespero
Então
balbucio:
Se
quisesse seria uma doce borboleta
Se
soubesse queria ser pateta
Porque
os patetas são felizes
E o meu
coração nunca estaria de luto
Daria
frutos e boas raízes…
Andar
com pernas trémulas e olhar de cera
Eu
não desejo,
Quero
antes ser árvore ou poejo
Do
que nada me dizerem do que eu era;
Só
uma vez contemplei:
Fui
cadáver em campo de guerra
Guerreira
nascida de salubre terra
Terra
fertilizada com o bem-querer
Depois…
Ave
com ninho numa nuvem, envolta
De
ardentes prazeres, florestas e montanhas
Catedrais
de Afrodite…, as estrelas
Que
se miram em noites de lua cheia
Nas
águas reluzentes dos rios, candeia
Que
separa dos amores-perfeitos, os imperfeitos,
Uma
flor, e outra flor unidas no júbilo de se Ser
O
vento fustigou o ninho num sopro feito
E, uma
mão grande e quente me levou.
Ofélia
Cabaço
2015-03-13
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