Sinto uma angústia maligna
que me aconselha incessantemente e me obriga a pensar na existência das coisas,
onde se inclui o meu “eu” com apreensão doentia.
Faço um percurso aos
primórdios do que nunca vi, mas senti, na perspetiva de encontrar um finito que
me leve ao infinito, nalgum lugar do universo e onde, lá mesmo, uma voz possa
dizer-me algo que me alivie…, um abraço, mesmo que abstrato, me aperte, me oiça
e com alguma sumptuosidade impeça a angústia de me aconselhar uma rutura com o
existente, um aconchego ao inexistente!
Depois, desejo encontrar o Pai de todos os pobres, e dizer-lhe baixinho, assim, sussurradamente, que O
amo e que choro, e choro, e volto a chorar, porque o meu sorriso se impõe,
somente, quando oiço as crianças, quando escuto a natureza e quando olho os
pomares pintados de flores e frutos… tão doces e coloridos…
Mas o mundo não é somente
uma “parte”, existem partes algures, por aí, onde as crianças não sabem sorrir,
não podem ouvir a natureza, nem o nascer das madrugadas na sua plena magia,
tampouco o canto das aves, nem o que são pomares de frutos saborosos; Escutam aquelas crianças, o
medo…, somente o medo, e só isso, as fazem perceber que existem porque sentem a
angústia do que não sabem que existe neste mundo de natureza tão ampla… as
crianças que nada têm e carregam a angústia da sua existência,
desesperadamente…
Dizem que o mundo pertence
aos pobres, e são os pobres que impedem a nobreza dos espíritos, porque de tão
pobres, só sabem o que é mandar destruir a nobreza do verdadeiro homem…
- Queria tanto sorrir e
contemplar com ênfase este pomar colorido que é a Vida de todos os homens.
Dançar eu queria com mil crianças no bailado das borboletas esvoaçantes, coloridas e poisar tranquilamente no Pomar da Vida.
Ofélia Cabaço
2014-09-26
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