sábado, 27 de abril de 2013

Enseada

Aquela pedra grande
Tão pequena para o mar
Rodeada de conchas e pedraria
Confidente de tormentos e choros
Quieta, esbofeteada p´las ondas
Com muito para contar, segredos!
Sentei-me a seu lado, ouvi!
Uma gaivota a troçar, liberta,
Sobrevoava o imenso azul
A pedra murmurava o abandono
Desejava pertença de um dono
De todos, era ninguém
Disse-lhe não saber a quem pertenço
Esqueci-me de onde vim,
Sei apenas para onde fui,
Fui longe, longe, estou cansada
Não alcancei amor, morri no caminho
Deixei para lá um rio de lágrimas
A sede bebeu-o, morreram os nenúfares!
Ninfas desoladas,
Vou envolver-me numa lágrima, apenas!
Oiço o mar, saboreio o sal da vida,
Deixo-me pentear p´lo vento, carícias,
Encho minha alma com som de sereias
A pedra almofada no meu leito, ajeito-me!
Juntas homenageamos a Poesia,
Ao ritmo de baladas sonoras, as ondas
Abafadas sob longo abraço do mar
A pedra e eu, que nada sei de mim!

 
Ofélia Cabaço   2013-04.26

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