quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Natureza

A buganvília vermelha escarlate

Trepa  a  parede até ao beiral,

O Sol empresta-lhe uma sombra fugaz

Que se reflete trémula, tímida e insegura

Na imensa brancura de cal e jasmim,

Uma rola roliça de cor castanha,

Com bico amarelo, saltita de ramo em ramo

Cantarolando um ron- ron melancólico,

Na eira, uma torneira insiste no seu pingo, pingo,

A rola sedenta desce do beiral até à selha

Espanta-se com a sua imagem espelhada na água,

Saltita alegremente em redor da beira da selha

Mergulha sua cabecita na água e sacia a sede,

Os caminhantes param junto ao portão

Descalços, trazem chapéu, sacola e sacho,

Regressam do trabalho cansados e sem pão!

Puxam a aldraba e chamam o Sancho,

A rola foge espavorida………………………….

O Sol esconde-se para além do telhado

A sombra abandona a parede de cal e jasmim,

As folhas já murchas, vão com o nardo,

Dançam no ar à volta de mim,

Vem a noite ordenar descanso e silêncio,

Os pirilampos oferecem a sua luz,

As aves recolhem-se calando o cio,

A natureza acomoda-se à luz do luar

Como o mar cicia em noites de calmaria.

 

Ofélia Cabaço- 2012-12-19

 

 File:Barranquilla buganvilias.jpg

 

 

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