Sob um mítico som de murmúrios sem vida,
As tílias olham no chão as folhas caídas, tristes,
Numa lúgubre angústia por estarem despidas,
A chuva chega, intensa, envolta num manto de nuvens,
Descem beijando efusivamente as sepulturas,
Os jasmins emanam aromas das suas alegres origens
Tentando ansiosamente chamar para si oliveiras,
Naquela sepultura, além, está um vaso em pedaços
As flores caídas desprendem-se de desbotados laços,
Um homem de chapéu e bengala planta cameleiras
A chuva continua, agora mansa, meiga!
O homem perscruta no firmamento uma branca cabeleira,
Gesticula saudoso, com um sorriso de manteiga,
Ajoelha-se, a chuva pesarosa beija-o, sorrateira!
Abraça o homem, mistura-se com as suas lágrimas,
Lembra-lhe um passado alegre, com estrelas cadentes,
A chuva afasta-se, surge o Sol, airoso e sorridente;
O homem acena um adeus à chuva,
Beija a sepultura,
E, numa doce saudade, afasta-se!
Ofélia Cabaço
2012-11-07
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