As ceifeiras em silêncio, seguem para casa
Nos ombros, molhos de trigo carregam,
Nas mãos, bilha de barro sem asa
O luar persegue-as na sua cor púrpura
No chão térreo tremem suas sombras
Os grilos cantam uma alegria pura
As ceifeiras cansadas saltam a cercadura
O ar tem cheiro a rosas e rosmaninho
A terra emana seu cheiro de manto doirado
No beiral da casa grande há um ninho
Está escondido dos corvos, muito parado
Lá longe, numa pequena janela de vidro
Espreita tremelicando uma luz amarela
Transmitindo amores no adro
Na parede está uma aldeã pintada a aguarela
O dia foi longo, a ceifa penosa
Apeiam-se no poço, refrescam seus rostos
Ciciando pensamentos mimosos
Vestem saias rodadas e aventais rotos
Comem sopa de tomate e pão
Afogueadas desejam abraços e amores
Tomam vinho e aquecem seus corações
Caminham para o adro e espalham cores
Ofélia Cabaço, 2012-12-24
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