No banco do jardim está sentada a idosa
As árvores revestem-se de folhas e botões
Da janela grande, espreita a curiosidade desdenhosa
Mais uma primavera e repetidos são os encontrões
No banco do jardim está a idosa chorosa
O ar está abafado, quietas estão as árvores
A seu lado, no banco, repousa uma rosa
Outro verão, outra mágoa com ardores
No banco do jardim está a idosa curvada
Traz uma mantinha pelos ombros, tem frio
O dia nasceu cinzento, a terra está molhada
O outono lembra-lhe salgueiros saudosos, à beira rio
No banco do jardim, mais uma vez, a idosa espera
As árvores despem-se, os pássaros emigram
Passa uma criança a sorrir, a velhinha desespera
O Inverno já chegou, o filho e a neta não chegaram
Mas ela não está só- pensa-o filho é bom!
Só não pode visitá-la, talvez tenha ido ver o pai
Guarda a caixinha porque tem um bombom
O filho gosta de bombons,
A velhinha desgostosa expira um profundo ai
Passar-se-ão mais primaveras
Florescerão tapetes de ervas
Surgirão muitos verões abafados
Multiplicar-se-ão na sua alma fados
Impor-se-ão outros outonos cinzentos
Finalmente o inverno promete eterno sossego
Mas uma alma terá um térreo desassossego!
Das árvores as folhas cairão sem tormentos.
Ofélia Cabaço 2012-12-25
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