As manhãs no Rossio são claras, apaziguadoras,
metamorfoseando com o seu cheiro as nossas ideias e atitudes.
O sol beija o Rossio em cada manhã de Verão, timidamente, envolvendo a cidade de uma luz clara e poética.
Ao longe, entrando pela rua do ouro, o rio Tejo espreita curioso cada momento, cada alegria, cada tristeza, cada história que passa pelo largo do Rossio;
O sol beija o Rossio em cada manhã de Verão, timidamente, envolvendo a cidade de uma luz clara e poética.
Ao longe, entrando pela rua do ouro, o rio Tejo espreita curioso cada momento, cada alegria, cada tristeza, cada história que passa pelo largo do Rossio;
Passa o mendigo, passam as vendedoras de flores,
voam as pombas, entrecruzam-se numa velocidade estonteante, zangadas, porque os
seus pequenos haveres depositados no ombro de D. Pedro IV, durante a noite,
desapareceram!
A um canto mais isolado dorme outro mendigo de
idade avançada e, no seu rosto de barbas prateadas, há um sorriso de fingido
alívio.
O sol brinca aparecendo de vez em quando, mimando
quem passa ligeiro, de sobrolho carregado, como se nunca mais chegasse a casa!
O ar oferece-nos aqueles cheiros de bolos e leite
quente!
Nas livrarias, os livros saúdam-nos convidativamente; o cheiro lá dentro consola a alma de quem por
lá vagueia. Vive-se e imaginam-se histórias, por momentos!
Cheira a flores, junto ao lago onde todos os dias
D. Pedro IV se mira, depois de saudar com uma orgulhosa cortesia a casa ao
lado, onde nasceu o nosso Eça.
Ouvem-se os pregões de carteiras, canivetes,
pentes, chapéus - de - chuva; no verão não há castanhas assadas, elas
pertencem ao cinzento do outono, não ficariam bem naquela moldura tão doirada!
É o começo de um novo dia, vamos acordar, vamos
sair daquela manhã quase mística que nos enternece a alma e nos ajuda a
enfrentar mais um dia de trabalho.
No bosque as manhãs são diferentes, são etéreas,
saboreiam-se sempre, a todos os instantes.
Esta é a nossa cidade, a cidade de Lisboa
Ofélia Cabaço.
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