A buganvília vermelha
escarlate
Trepa a parede até ao beiral,
O Sol empresta-lhe uma sombra
fugaz
Que se reflete trémula,
tímida e insegura
Na imensa brancura de cal
e jasmim,
Uma rola roliça de cor
castanha,
Com bico amarelo,
saltita de ramo em ramo
Cantarolando um ron-
ron melancólico,
Na eira, uma torneira
insiste no seu pingo, pingo,
A rola sedenta desce do
beiral até à selha
Espanta-se com a sua
imagem espelhada na água,
Saltita alegremente em
redor da beira da selha
Mergulha sua cabecita
na água e sacia a sede,
Os caminhantes param
junto ao portão
Descalços, trazem
chapéu, sacola e sacho,
Regressam do trabalho
cansados e sem pão!
Puxam a aldraba e
chamam o Sancho,
A rola foge espavorida………………………….
O Sol esconde-se para
além do telhado
A sombra abandona a
parede de cal e jasmim,
As folhas já murchas, vão
com o nardo,
Dançam no ar à volta de
mim,
Vem a noite ordenar
descanso e silêncio,
Os pirilampos oferecem
a sua luz,
As aves recolhem-se
calando o cio,
A natureza acomoda-se à
luz do luar
Como o mar cicia em
noites de calmaria.
Ofélia Cabaço- 2012-12-19