quarta-feira, 30 de março de 2016

Os Cisnes Afinal Eram Gansos

Libertei de mim o “eu”
Meu corpo levou-o a passear,
Dispensei tudo o que era meu
bati o portão, e a ilusão
d´um jardim com lagos e cisnes
se apresentou como ânsia de eclosão...

Ninguém escutou o “eu” de mim
Ouvi, serena, o grasnar dos gansos
que afinal não eram cisnes...
e o lago espelhou as vestes das árvores
Um derramar d´agonia...
Nas águas quietas o choro do meu “eu”
e a mudez do meu corpo em sintonia,
Numa breve homenagem à vida
Que me traz assim perdida...
Uma ponte sobre as águas pendida,
E pombas brancas voam em direção ao céu
porque o céu é céu,
E a Felicidade difícil de apanhar, existe
Para além escondida, não nos assiste!

Ofélia Cabaço
2016-03-30




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