Voa
mais alto o pássaro
Diferente
porque não tem uma asa
Com uma
apenas, poisa no píncaro
sobrevoa
serras e penhascos, sua casa
são as
nuvens, entra e sai e volta
uma
liberdade que a toda a hora se solta
Diferente,
Escárnio
do mortal, insulto que morre...
Diferente,
“o coitado”, que vai morrer
e não
morre...
Diferente,
fala o silêncio do seu grito
indiferente
ao assobio, à punição da Torre...
Sobrevoa
lagos e rios, com engenho, afasta atrito
Usa
palavra na contemplação das coisas, e dos atos
Pensa
tréguas, Paz, Verdade...
Eis o
Diferente...
O
inoportuno, o vergastado pelas intempéries, o absurdo!
Aquele
que desperta risos nos tronos da denominação,
Corajoso,
assiste e resiste ao palco da desconsideração
Diferente
no indiferente d´um teatro obsoleto e surdo...
Diferente,
Voa
quanto pode na busca do que não sabe,
E na
noite recolhe-se nos brincos das árvores,
Desperto
ao barulho e à mutilação dos abutres...
Ofélia
Cabaço
2016-03-05
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