domingo, 6 de março de 2016

Chove

Chove e as bátegas tocam-se
como barulhentas pérolas,
São lágrimas no meu coração...
No parapeito duas rolas sacodem suas asas
Silêncio, e como uma onda que vai e volta,
O arrulhar descontente das aves
Espreito a quietude da paisagem...
e como um manto desgastado pelo tempo,
surge a bruma que se envolve e confunde...
Melancólica, espectral é a minha saudade,
Escultura no ar nebuloso, figuras minhas adoráveis,
A bruma...
Minh´avó acenando não sei bem d´onde,
Cabelos esvoaçando, colunas de mármore, incontáveis
Vinhas e cachos verdes, pomares desertos,
Um arrepiante nevoeiro e o silêncio sepulcral
Igrejas e catedrais, tão longe e sempre mais longe,
Como a fugirem de mim...
Não se ouvem sinos nem Trindades,
E, minhas mãos erguidas em suplício e saudade.

Ofélia Cabaço
2016-03-07





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