sexta-feira, 22 de março de 2013

Reencontro

Nos jardins do  Éden
Sob abóboda de cristal,
Conversaram  Wild, Dickens, Rajás,
Princesas prisioneiras, ciciaram poesia
Com o nosso  Quental, príncipe da nostalgia,
Wilde contou aos presentes a história de Narciso,
Dickens, socorreu miseráveis e  esfomeados
Insinuaram-se Rajás das províncias de além
Donos de belas mulheres no harém
Símbolos de fantasias sofridas, dormentes,
Refugiados na Torre sem portas,
Quental amargurado, bebia ansiedade,
Juntos visitaram fósseis de poetas esquecidos,
Assistiram a concertos fabulosos,
Aplaudiram  Mozart, silenciaram Wagner!
Voaram até Louvre, pela calada da noite,
Visitaram óleos de espantar, vénias a:
Ticiano, Goya, Rubens, Miguel Ângelo,
Ao luar, na noite sensual poetizaram,
Sob teto  de  constelações invulneráveis,
Amaram em Moulin Rouge,
Homenagearam o cientista Pasteur,
Encontraram numa praça Eça a divagar,
Perdera o óculo e com ele a visão;
Fugiram de Balzac, das conversas  escabrosas,
Quental com traços de príncipe florentino
Reclamou sua identidade açoriana,
Refugiou-se no silêncio da Sorbonne,
Admirou com veemência, Marie Curie
Sofredor, de todos era o de melhor tino,
Mais um voo, estavam na Regaleira
Na capela, conferenciaram com os anjos,
Wilde, encantou nobres com suas histórias,
Senhoras fascinadas, abanavam seus leques,
Por fim, na mesa de jantar do Palácio da Pena
Récitas de donzelas  com desgosto foram mote,
Nos salões arrefecidos pelas intempéries,
Aplaudiram génios e cabeçudos,
Ao piano, Chopin ficou esquecido!
Ao som da marcha fúnebre, Schuman
Assoprou personalidades de volta às sepulturas!
Saltaram ansiosos, cidades, arcos e monumentos,
Então, recolheram –se na santa paz eterna!

 
Ofélia Cabaço, 2013-02-24

 

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