sábado, 16 de março de 2013

Amnésia

Custa-me perceber o abandono
Das coisas, das pessoas, do amor,
Umas vezes corajoso, outras cobarde,
O abandono….
Como era alegre olhar-te,
Cabeça altiva, sorriso de mel,
Porte de cavaleiro andante………
Razoabilidade, certezas, incertezas,
Embevecida, adormecia imaginando
Príncipe dos meus sonhos em favos
Num corpo de uma gentil velhinha,
Acordava metamorfoseando palavras,
Ingénua, enganei meu coração,
Briguei com a razão, e chorei!
Zanguei-me naquele reino sem rei,
Fiquei a olhar o vazio, o além………..
Uma luz no horizonte piscava,
Sosseguei borboletas em meu peito,
Sentei-me no beiral dum moinho sem velas,
Dependurei minha alma ao vento,
Esperei, por nada, acorrentei meu voo….
Na nascente barulhenta, molhei meus lábios
Saciei minha sede, refresquei minhas mágoas
Vi um lenhador, colocou ripas na minha dor,
Estavam verdes, não acenderam…………….
Como as uvas da raposa, não prestavam!
O abandono do nada, de ninguém,
Esqueci-me de mim!
Não sei quem sou;

 
Ofélia Cabaço 2013-02-25

 

 

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