quarta-feira, 7 de setembro de 2016

"FLORENCE"

Fui ver o filme “Florence”; belo filme no ponto de vista do amor, e da forma, nem sempre veemente em fazer-se alguém feliz. Atualíssimo, nas amizades interesseiras, desde um conceituado professor de música até ao vendedor de jornais. Fez-me pensar, esta história, em uma opinião, que eu própria tive acerca de um acontecimento, no que diz respeito à terceira idade, segue:

-Vi na televisão, um pequeno documentário, em que num centro de idosos do país,orientados por alguém responsável, foram personagens dum pequeno festival, representado com certa euforia pelos personagens. A ideia, para mim, naquela altura, foi a de que estavam a expor os velhinhos ao ridículo coisificado; nem sequer pensei, que porventura, eles, provavelmente estariam muito felizes. Arrepiou-me, os sorrisos, numa exposição de desdentados e alguns com dentes visivelmente estragados. Achei que a narrativa televisiva não era honrosa e as cenas péssimas. Não me alegrou em nada, e fiquei melancólica em relação à velhice e a toda a sua trajetória. Pareceu-me que alguém para se identificar na sua profissão, de forma especulativa, tinha proporcionado toda aquela representação. Hoje, coloco dúvidas e penso: estariam felizes os velhinhos? Se sim, oh! Então valeu a pena.

Em “Florence”, a hipocrisia é uma constante. O interesse da roda do mundo, a globalização violenta na ofensa e no escárnio pelo outro, é coisa que tem piorado e com toda a tristeza que sentimos, vai crescer avassaladoramente. Do cidadão comum, há uma corista que apesar da sua rebeldia, é humana e tem sentimentos, o que nos leva a acreditar que no meio de tanto interesse existe gente boa. Do filme, consolou-me um amor enorme, e uma dignidade imensa, o marido. Condenado e/ou suspeito por deixar sua mulher expor-se ao ridículo. Ninguém tinha mais respeito por Florence que o seu marido, embora algumas perspetivas fossem perturbadoras para ele que a amava. Ela, de uma bondade enorme e uma mulher de fortes afetos, em especial, pela música.

Durante o decorrer da sessão pensei numa história, que li em tempos, de Óscar Wilde: A Tia Jane, não foi parecida, mas tratou-se de algo que muito a faria feliz, e, aqui, não se concretizou...

Belo filme, fez-me pensar que fazer as pessoas felizes é um dom, e não nos cabe julgar.
Aprendi, e como todos os dias aprendo, fiquei muito contente.

Ofélia Cabaço

2016-09-07



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