domingo, 11 de setembro de 2016

Não Sei porque Odeio, mas Odeio...

Percebemos o que leva determinadas pessoas a terem emoções que produzem sentimentos de ódio, sem que tenham a mínima apetência para racionalizar atitudes e pensar soluções; não pode dar, aquele que não recebeu, i.e., amor, fraternidade, partilha ou o que quer que seja daquilo que nos ensinaram acerca destes conceitos, daí percebermos numa análise singular o porquê, muitas vezes de tanta revolta; o povo na sua genuína sabedoria diz que até para se nascer é preciso sorte. Tudo isso compreendemos, e, aqui, a emoção é de compaixão.

Todos nós, sem exceção, temos vivências, que podem proporcionar um odiozinho de estimação, mas, pensamos a causa, e sabemos o que causou a celeuma. Na memória persiste uma narrativa, uma espécie de filme, que, de quando em vez, se desenrola e apresenta algumas emoções prestativas ao desenvolvimento, quiçá, da violência, da tristeza, da angústia, da dor, da humilhação, e, só por pequenos instantes pensamos harmonia; na nossa mente, algo nos diz que situações como estas, são para eliminar, deixando todos aqueles lugares vazios e expectáveis a valores maiores, mas, sabemos o que, na realidade, suscitou esta angustiante inquietação, pois não passa de um caso, entre tantos casos por este mundo afora, sem que se chegue a vias de má-fé. É assim que deve ser, sem qualquer facciosidade.

Mas, o que é de intrigar e abismar, é quando se odeia sem se saber porquê; ouvimos sucessivamente que sem tolerância não existe paz, sabemos isso muito bem, e sabendo também, que nem sempre correspondemos ao conceito, mas, não é novidade nenhuma que também sabemos, que somos seres imperfeitos, por mais que ajustemos condições para agir em conformidade. O que pensarão mentes que odeiam sem justificação? Se tudo tem uma causa, qual a coisa tão absurda, que insiste numa condição sem causa?

As falhas de caráter podem produzir muitas veleidades, mas, tem de haver conjuminância entre uma coisa e outra, i.e., por exemplo, entre verdade e mentira, para a consumação de justiça ou injustiça..., mas, odiar sem causa, deixa-me em ESPANTO...

Espinosa: Um afecto não pode ser controlado ou neutralizado excepto por um afecto contrário mais forte do que o afecto que necessita de ser controlado”.

Mesmo usando emoções positivas, sobre as negativas, com raciocínio e esforço intelectual, como pensava Espinosa, não resulta em quem odeia por odiar...

Ofélia Cabaço

2016-09-12




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