domingo, 26 de junho de 2016

Benditas Tecnologias...

Hoje em dia não há nada que as novas tecnologias não resolvam; o avanço tecnológico é, e tem sido, nos muitos diversos assuntos, uma mais valia. Pensar que, há trinta anos escrevíamos numa máquina, que, por muito sofisticada que fosse, surgiam muitas vezes, consequências sobremaneira irritantes. No entanto, éramos agradecidos porque tínhamos o fax, a fotocopiadora e o telex . Nas empresas progressivas não faltavam estes utensílios de maior importância para quem trabalhava, e deles necessitava todo o tempo. Tempo, em que nas empresas, e não só, havia afetividade no ponto de vista humano e profissional. Conseguíamos, embora o tempo fosse escasso, visitar um amigo quando doente, ou com qualquer outro problema. Devo citar antes de mais, que não se trata de saudosismo, nem sequer elevar qualquer sentimento de resiliência, não é isso, trata-se tão só, e apenas, de uma pequena descrição em nada análoga aos tempos de hoje..., porque hoje, quase tudo, sem generalizar, tem a importância que tem no que diz respeito a um fim em que o lucro e a situação de conforto não sejam de algum modo, beliscadas com a “mediocridade” do “sentir o outro”.
Ora, como explanado de inicio, não há nada que as benditas tecnologias não resolvam; Uma amiga ou um amigo estão doentes ou têm assunto problemático a consumi-los, então, vamos telefonar, afinal é uma atenção inesquecível. Não obstante a boa vontade na ligação realizada, faz-se um relatório de doenças, passadas e presentes, do avô, da mãe, da vizinha e do primo, porque estimular e dar força ao “outro” coitadinho, é fundamental.
Quase sempre no final da conversa tecnológica surge a frase base que é de importância vital, digamos, (verdadeira e sentida!!!) : se precisar de alguma coisa, diga.! Ah! como a tecnologia resolve em poucos minutos, tantas coisas ao mesmo tempo, e nós, pensamos, que podemos tranquilamente, tomar o nosso banho na praia, ou ler um bom livro no aconchego da nossa casa, já de consciência tranquila. Benditas tecnologias...
Com tanta amizade e atenções até chegamos a desejar sermos robots, carregaríamos num botão, e no lado de lá, outro maravilhoso robot atenderia com aquela “afetividade” já de antemão utilizada, apenas de modo diferente, para que, de nada possamos estranhar. Perfeito! Artificialidade sem rosto e sem ambiguidade. Aí, nesse espaço e tempo, teremos uma certeza única e verdadeira: Não existirá hipocrisia, porque tudo é o que é, tal como se apresenta, sem qualquer eufemismo ou insinuação, sob pena de sermos pedra, sem que a pedra seja o que não deve ser...
Ainda há outro conceito, do Conceito Amizade, utilizado à exaustão, em que não falamos durante o ano inteiro com supostas amigas, mas, “não é que não nos lembremos delas todos os dias”, mas o facto, é a falta de tempo, e afirmamos alto e a bom som que somos amigas, até porque no dia do aniversário telefonamos a dar os parabéns, esta é a grande prova da nossa gigante amizade...e, então, se vivermos longe umas das outras a lembrança se enaltece, especialmente, se precisarmos de ir passar uns dias a sua casa; recordamos velhos tempos passados, onde em sua casa vivemos dias de muita satisfação e conforto, ah!- a saudade é imensa, mas ao menos no dia do seu nascimento telefonamos e contamos as nossas tragédias, mais do que as alegrias,porque achamos que ela é muito boa pessoa..., e quem sabe até pode ajudar-nos, tão boa pessoa...
Se nós tivermos os pés com encaracolados, i.e. Joanetes, não admitimos que se fale desse triste acidente natural, porque não é isso que faz as pessoas, mas sim a sua integridade; mesmo que reconheçamos os sapatos em qualquer lugar do mundo, todos desenhados de altos e baixos como se caracóis se enroscassem para sempre neles (sapatos), não convém qualquer advertência à questão, porque não se deve ferir suscetibilidades e segundo o povo “ o que não temos hoje pode surgir-nos amanhã”; acontece é que amanhã se depararmos com um pequenito joanete no pé do “outro”, para nosso consolo, e para que não sejamos sozinhos em tudo o que é negativo, porque o positivo deve ser só nosso, e de mais ninguém..., dizemos de imediato: ah tens joanetes, como eu!
Mesmo que a outra pense, (como se o meu joanetezinho se comparasse aos fósseis da Era da pedra, que ela tristemente tem sobre os seus tortuosos dedinhos). Assim visto na presença, e sem as benditas tecnologias, também conseguimos ajudar e ser amigo/a...


Ofélia Cabaço
2016-06-26



continua...



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