Hoje
em dia não há nada que as novas tecnologias não resolvam; o avanço
tecnológico é, e tem sido, nos muitos diversos assuntos, uma mais
valia. Pensar que, há trinta anos escrevíamos numa máquina, que,
por muito sofisticada que fosse, surgiam muitas vezes, consequências
sobremaneira irritantes. No entanto, éramos agradecidos porque
tínhamos o fax, a fotocopiadora e o telex . Nas empresas
progressivas não faltavam estes utensílios de maior importância
para quem trabalhava, e deles necessitava todo o tempo. Tempo, em que
nas empresas, e não só, havia afetividade no ponto de vista humano
e profissional. Conseguíamos, embora o tempo fosse escasso, visitar
um amigo quando doente, ou com qualquer outro problema. Devo citar
antes de mais, que não se trata de saudosismo, nem sequer elevar
qualquer sentimento de resiliência, não é isso, trata-se tão só,
e apenas, de uma pequena descrição em nada análoga aos tempos de
hoje..., porque hoje, quase tudo, sem generalizar, tem a importância
que tem no que diz respeito a um fim em que o lucro e a situação de
conforto não sejam de algum modo, beliscadas com a “mediocridade”
do “sentir o outro”.
Ora,
como explanado de inicio, não há nada que as benditas tecnologias
não resolvam; Uma amiga ou um amigo estão doentes ou têm assunto
problemático a consumi-los, então, vamos telefonar, afinal é uma
atenção inesquecível. Não obstante a boa vontade na ligação
realizada, faz-se um relatório de doenças, passadas e presentes, do
avô, da mãe, da vizinha e do primo, porque estimular e dar força
ao “outro” coitadinho, é fundamental.
Quase
sempre no final da conversa tecnológica surge a frase base que é de
importância vital, digamos, (verdadeira e sentida!!!) : se precisar
de alguma coisa, diga.! Ah! como a tecnologia resolve em poucos
minutos, tantas coisas ao mesmo tempo, e nós, pensamos, que podemos
tranquilamente, tomar o nosso banho na praia, ou ler um bom livro no
aconchego da nossa casa, já de consciência tranquila. Benditas
tecnologias...
Com
tanta amizade e atenções até chegamos a desejar sermos robots,
carregaríamos num botão, e no lado de lá, outro maravilhoso robot
atenderia com aquela “afetividade” já de antemão utilizada,
apenas de modo diferente, para que, de nada possamos estranhar.
Perfeito! Artificialidade sem rosto e sem ambiguidade. Aí, nesse
espaço e tempo, teremos uma certeza única e verdadeira: Não
existirá hipocrisia, porque tudo é o que é, tal como se apresenta,
sem qualquer eufemismo ou insinuação, sob pena de sermos pedra, sem
que a pedra seja o que não deve ser...
Ainda
há outro conceito, do Conceito Amizade, utilizado à exaustão, em
que não falamos durante o ano inteiro com supostas amigas, mas, “não
é que não nos lembremos delas todos os dias”, mas o facto, é a
falta de tempo, e afirmamos alto e a bom som que somos amigas, até
porque no dia do aniversário telefonamos a dar os parabéns, esta é
a grande prova da nossa gigante amizade...e, então, se vivermos
longe umas das outras a lembrança se enaltece, especialmente, se
precisarmos de ir passar uns dias a sua casa; recordamos velhos
tempos passados, onde em sua casa vivemos dias de muita satisfação
e conforto, ah!- a saudade é imensa, mas ao menos no dia do seu
nascimento telefonamos e contamos as nossas tragédias, mais do que
as alegrias,porque achamos que ela é muito boa pessoa..., e quem
sabe até pode ajudar-nos, tão boa pessoa...
Se
nós tivermos os pés com encaracolados, i.e. Joanetes, não
admitimos que se fale desse triste acidente natural, porque não é
isso que faz as pessoas, mas sim a sua integridade; mesmo que
reconheçamos os sapatos em qualquer lugar do mundo, todos
desenhados de altos e baixos como se caracóis se enroscassem para
sempre neles (sapatos), não convém qualquer advertência à
questão, porque não se deve ferir suscetibilidades e segundo o povo
“ o que não temos hoje pode surgir-nos amanhã”; acontece é que
amanhã se depararmos com um pequenito joanete no pé do “outro”,
para nosso consolo, e para que não sejamos sozinhos em tudo o que é
negativo, porque o positivo deve ser só nosso, e de mais ninguém...,
dizemos de imediato: ah tens joanetes, como eu!
Mesmo
que a outra pense, (como se o meu joanetezinho se comparasse aos
fósseis da Era da pedra, que ela tristemente tem sobre os seus
tortuosos dedinhos). Assim visto na presença, e sem as benditas
tecnologias, também conseguimos ajudar e ser amigo/a...
Ofélia
Cabaço
2016-06-26
continua...
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