segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Personagem da “Bruxa de Córdova” descrita como eu a imagino.

Camilo inventou a bruxa:

Córdova com subtis primaveras

Atapetada de carqueja e alecrim

Inda bruxas não houvera (…)

Apenas monges e sacripantas

 

À beira de pedras e moinhos

Serpenteavam terras de cominhos

E a mulher donzela amante

De tão formosa foi adiante

 

Vagueava ela pelas ruas, nua da razão

Amou um cavaleiro fervorosamente

Sepultado em seu coração, mas,

Vivo na sua mente (…) douda de ilusão

A bruxa (…)

 

Trancaram-se as portas à sua passagem

Janelinhas com olhos curiosos, receios

Silêncio e medo na penumbra das noites

Na serra, uma rocha seu abrigo era

Cama de giestas e o firmamento protetor

Segurança que a mais não lembra

Pergaminho enrugado, um passado

Abafado no baú dum convento

Nada que levasse o vento…

O Amor!

A bruxa (…)

Ao alvor a mulher chorava,

Nos seus braços um bebé embalava …

Na loucura uma verdade lembrava

A bruxa (…)

A mulher que amou e encantou

Um herói da Pátria esfumado

Uma arma, o seu amor matou

Na mão de um cruel agitado

Os monges, seu menino levaram

Louca, a mulher e a sua essência cristalizada

A sua fraqueza desprezada,

Na ilusão de um Amor Inteiro, inexistente,

No existente da sua mente…


Ofélia Cabaço

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