quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Miragem

O destino malfadado
Sem que eu pedisse me foi dado,
Em mim, abundam noites ansiosas
Que nem minhas ilusões consentem
Oh, Ventura porque foge dos que sentem?

Passeiam viajantes d´alma gelada
Vestidos de brocado e cetim
Aparências falseadas de mim
Escarnecem meus sonhos e quimeras
E, também sonham loucos amores!
Anseiam flor que dê fruto, primaveras,
Outonos generosos, com sabores e odores

Olhares com desdém – dor igual,-
Sentir atormentado tal e qual
Porque a pureza do sentir não é querer
E crer, é ser-se com o dom que se nasce

Com petróleo a candeia ilumina
Minha alma poesia germina,
Querendo, vou para muitos sítios…
Serei viajante buscando outro caminho,
Calcorrear montanhas, eu vou,
Coroa de margaridas e vestido de arminho
Serão apenas minha indumentária
Viverei numa nuvem prismática, nobilíssima,
De onde apenas avistarei casinhas
Que mal se lobrigam de tão pequenas…

Voarei e sobrevoarei até perder o tino…



Ofélia Cabaço
2014-12-18






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