terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Tumultos

No meio dos tumultos de minh´alma,
Inquieta, anseio… e penso…,
Viver apenas simplicidade e Verdade
Desfolhar afetos como pétalas de rosas
Vermelhas ou brancas, preciosidade,
Tanto faz,
Preciso que alguém viva dentro de mim
Para sentir o que me diz o que eu digo,
E perceba aquela minha voz pressurosa

Não me importa o pico das rosas
Nem o desmaio do carmesim …
Apenas desejo cor, Amor e Verdade
Quero regado o meu espírito exaltado
Exaltado infinitamente, à mercê da lealdade!
Não, eu não quero anseios conturbados
Nem ser poeta pateta…
Antes, esvoaçante borboleta!

Quero ter em mim, Amor doce como o luar
E uma ternura capaz de minha dor apaziguar
Desejo o simples do mais Simples…
Gorjear como as aves no verde vergel,
Eu quero…
Ser fausta, eu anseio!



Ofélia Cabaço
2014-12-30






segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Queria!

Queria ser erva verdejante

Namorar com lírios do campo

Babar-me de viço pujante

E nas noites, ser um pirilampo

Ofélia Cabaço


À Beira do Caminho,

Denso foi o nevoeiro que fez das montanhas catedrais

Lá longe, muito longe, espreita a claridade

Poisa palidamente, transforma as vidraças em cristais,

Surge a Esperança resplandecente e sem idade,

Respingou gotas de orvalho na minha triste saudade

Ela, que não se cansa de me enganar (…)

Um dia conversei com o Fado e despedi-me com desolação

Mas a vida deu-me abraços de fingida consolação

Sentei-me à beira do caminho e refleti impossíveis,

O vento deu-me beijos, afagos e ilusões aprazíveis

A Lua presenteou-me com sonhos e quimeras,

Enfim, simbolizei os afetos com coroa de heras.

 

Ofélia Cabaço


 2013-10-09



Personagem da “Bruxa de Córdova” descrita como eu a imagino.

Camilo inventou a bruxa:

Córdova com subtis primaveras

Atapetada de carqueja e alecrim

Inda bruxas não houvera (…)

Apenas monges e sacripantas

 

À beira de pedras e moinhos

Serpenteavam terras de cominhos

E a mulher donzela amante

De tão formosa foi adiante

 

Vagueava ela pelas ruas, nua da razão

Amou um cavaleiro fervorosamente

Sepultado em seu coração, mas,

Vivo na sua mente (…) douda de ilusão

A bruxa (…)

 

Trancaram-se as portas à sua passagem

Janelinhas com olhos curiosos, receios

Silêncio e medo na penumbra das noites

Na serra, uma rocha seu abrigo era

Cama de giestas e o firmamento protetor

Segurança que a mais não lembra

Pergaminho enrugado, um passado

Abafado no baú dum convento

Nada que levasse o vento…

O Amor!

A bruxa (…)

Ao alvor a mulher chorava,

Nos seus braços um bebé embalava …

Na loucura uma verdade lembrava

A bruxa (…)

A mulher que amou e encantou

Um herói da Pátria esfumado

Uma arma, o seu amor matou

Na mão de um cruel agitado

Os monges, seu menino levaram

Louca, a mulher e a sua essência cristalizada

A sua fraqueza desprezada,

Na ilusão de um Amor Inteiro, inexistente,

No existente da sua mente…


Ofélia Cabaço

domingo, 21 de dezembro de 2014

SER ARTISTA É

 Não é artista, aquele que ignora o trabalho do outro
O trabalho do outro, não deve ser alopático ao artista verdadeiro
Um artista de coração, e de sensibilidade exímia, não é invejoso
Ser artista, não serve para fim instrumental, é tão simplesmente SER ARTISTA.

Ofélia Cabaço


Natal de 2014






quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Miragem

O destino malfadado
Sem que eu pedisse me foi dado,
Em mim, abundam noites ansiosas
Que nem minhas ilusões consentem
Oh, Ventura porque foge dos que sentem?

Passeiam viajantes d´alma gelada
Vestidos de brocado e cetim
Aparências falseadas de mim
Escarnecem meus sonhos e quimeras
E, também sonham loucos amores!
Anseiam flor que dê fruto, primaveras,
Outonos generosos, com sabores e odores

Olhares com desdém – dor igual,-
Sentir atormentado tal e qual
Porque a pureza do sentir não é querer
E crer, é ser-se com o dom que se nasce

Com petróleo a candeia ilumina
Minha alma poesia germina,
Querendo, vou para muitos sítios…
Serei viajante buscando outro caminho,
Calcorrear montanhas, eu vou,
Coroa de margaridas e vestido de arminho
Serão apenas minha indumentária
Viverei numa nuvem prismática, nobilíssima,
De onde apenas avistarei casinhas
Que mal se lobrigam de tão pequenas…

Voarei e sobrevoarei até perder o tino…



Ofélia Cabaço
2014-12-18
















domingo, 14 de dezembro de 2014

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Quem estiver interessado em comprar esta linda história de amor para as crianças, pode contactar-me através de mensagem no facebook - ofelia T T Cabaco. Envio pelo correio.
Obrigada
FELIZ NATAL
Apesar dos avessos que foram inevitáveis
E com ensejo de afastar lembranças detestáveis
Desejo-vos uma noite serena, abençoada
Com os calores da família e boa consoada

Termina um danado ano
Com afeções, tormentos e dano…
Que os vossos corações consigam amar
Rejeitando os amuos e tréguas proclamar
São os votos sinceros desta vossa amiga
Ofélia Cabaço

Sintra, 11 de Dezembro de 2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Horas Duvidosas

Sonhos inacabados

São instantes levados…

 Porque sonhar ocupa lugar


Num lugar que não tem espaço,

 Os sonhos com asas transparentes


Personificam desejos de vã fecundidade

Realidades perfidamente descrentes

 Que fazem doer as almas dos mortais


Como quando o véu da noite desce

Denso e lento dos astros imortais

E lubricamente se alastra e cresce…


 Os sonhos poisam de leve nos poetas

Inexoráveis, deixam apenas borbotões

Ficção que nos mente eternamente

E nos afasta tristemente das ilusões

 Ofélia Cabaço


2014-12-08




domingo, 7 de dezembro de 2014

Depois de ver o telejornal aonde observei tanta vontade de ajuda aos mais necessitados, não senti nenhuma onde de assentimento aquando de tantos louvores às entidades que esforçadamente fazem beneficência. NINGUÉM , mais do que eu, deseja uma sociedade onde todas as pessoas possam viver sem fome e sem submissões deste ou daquele. E depois, ainda vão surgir na quadra festiva,  outras entidades, que irão demonstrar os seus atos de beneficência, com presença ao vivo e a cores, do beneficiado a agradecer e a divulgar a sua triste vida a todo o mundo. Salazar gostava disso, e as senhoras da beneficência ainda mais, que davam massa e arroz aos pobrezinhos para poderem comer lagosta. Por tudo isto pergunto: se se junta tanta gente para ajudar aos pobrezinhos, porque não se juntarem para uma melhor SOCIEDADE aonde TODOS teremos os mesmos DIREITOS?  Estou desolada por tanta BONDADE aparente e apenas por alguns dias. E podem crer que não há um só Natal que não me lembre, com mágoa no coração, a FOME MUNDIAL. Não devo satisfações a ninguém sobre o meu sentir, na medida em que não ofendo ninguém em especial, mas para os mais desacreditados, quero realçar que este meu SENTIR não tem que ver com politiquice alguma, mas sim, no mais amplo sentimento HUMANO.
Ofélia Cabaço
2014-12-07

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Estrela

Uma Estrela há muito esperada
No firmamento surgiu luminosa
A Terra inteira a contemplou esperançada
Sob aquele fulgor radioso,

Nascera uma criança em Belém
Num casebre frio e escuro…
Uma grande calma e quietude
Envolveram os homens para além;

Pois Aquele que ali nascera, veio para ficar,
Para ser Homem entre os homens
Em qualquer canto da Terra, Homem!
E iluminados foram os lugares escuros,
Jesus nasceu para amar e magnificar
Humildemente… sem berço de ouro (…)
                                       
 Era tanta a Luz que delineou o Mundo
Com visibilidade de alabastro…
A Estrela pairava no firmamento
Olhos postos, refletiram a radiânçia do astro,
Riachos, rios e mares entoaram vozes
Numa combinação de flautas e tambores
Alegremente,  o vento levava a Boa Nova…
Jesus nascera e os homens renasceram,
Humildemente me curvo, oh meu Jesus!

Ofélia Cabaço

2014-12-03








Flor na Charneca

Era grande a poetisa, fugiu-lhe a fama

Viveu angústias, medos e ânsias

Chorou, conversou a charneca e sua Alma

Poetizou as noites, o desassossego dos dias

 

Foi por inteiro Alma, Florbela D´Alma

Amou sem saber quanto, viveu e sofreu

Apeles, afago de seus prantos

Apaziguou suas dores e tormentos

O amor!

 

Planícies de restolho, poejos, aves e cantos

Foram águas vivas na sua imensa sede,

O sussurro dos seus desejos, lamentos!

Espanca, seus caminhos e desalentos (..)

 

Hoje, gloriosa e importante,

Ontem, esquecida e distante

O Tejo!

Rio de Lisboa, sepultura de Apeles

O firmamento, amigo e confidente

Onde estará? Talvez sentado nas nuvens

Ciciava : - porque, meu irmão, não vens?

Amor irreverente, afetos, joia deles!

No ar,

Asas platinadas, destroçaram corações,

Levou-os a morte numa onda de emoções

Deu-se o reencontro, brancas borboletas,

Nos céus poesias, águas soltas!

Um choro!

A charneca órfã ……e a flor, morreu!

 

Ofélia Cabaço -   2013-08-25

A Avó


A minha alma não está feliz
Os meus pensamentos não são flor lis
Fazem-me vaguear incessantemente
Pelas ruas da minha infância dolente
Naquelas ruas sinto-me desprotegida
Tenho receios, medos e angústias
Não quero que me roubem as tias
Volto no caminhado sem qualquer ida
Quero muito chegar a casa, abraçar a avó
Quero sentar-me no seu colo, fechar os olhos
Adormecer por instantes no tempo e na idade
Imaginar mundos habitados por velhos……
São momentos de sonho e delícia
São uma gigantesca sombra no deserto
Apaziguadores, deixam-me perceber o certo
Enternecidamente, rio do que não ria
É uma paz que me encoraja
Nos momentos de sossego e bem-haja
É um amor tão estreito e tão largo
Como a nascente a correr para o lago
Aconchegada naquele doce abraço
Sinto respirar a pradaria de girassóis
A afugentar os medos por quem sois
Num empurrão tão forte como o aço
Depois, a avó oferece, papa de maisena
Como uma, mais uma, e outra colher de papa
A avó é tão forte como o touro na arena,
Cuida de uma menina que não tem o seu papá
O Mundo sem avós, não seria rico
Ficaria incompleto como as aves sem bico
Como as violas sem cordas,
Os violinos sem som,
O imenso mar sem ondas
A primavera sem rebentos.
Ofélia Cabaço 2012-12-28