Um bom
dia, entre sorrisos, um sorriso
ante um
rosto magro, sofredor
um
abraço envolto de ternura e dor
silêncio,
falar não é preciso...
Segue-se
um pequeno almoço
algumas
lembranças de quando era moço,
...correr
alegremente pela serra
assobiar às ovelhas nas encostas,
em Maio
coroa com flores de giestas
fui
pastor, rei, menino e homem;
Das
nascentes, serpentear longos regos para a terra
espreitar
ninhos, sentir amor e o rumorejar das folhas;
Estender-se
sobre ramagens de heras e fetos
naquele
inabitável silêncio...
olhar
as nuvens e inventar heróicos feitos
cavalos
numa corrida estranha, suas crinas ao vento
raparigas
no lá do lado da serra, suas melosas cantigas
desejos,
pró-criação, puberdade de lá e do aquém...
E o Sol
doirando a terra, enquanto
os dias
passavam entre duas metades de limão
ora
melancolicamente, ora alegremente, urtigas
e
açafrão compondo retalhos da vida e o coração...
Comovida
oiço, e com voz trémula pergunto:
Foste
feliz? Como se a lágrima no seu rosto bastasse
a
resposta, replico: tinhas os teus pais (…),
eu tive
quase tudo e não tive pais!
Encosto
minha cabeça ao seu ombro e cicio:
Foste a
minha água, és a minha giesta em flor!
E o
abraço continuou sob a ténue claridade
deste
dia chuvoso e frio entre cumplicidade e dor...
Ofélia
Cabaço
2016-01-22
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