segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um Olhar, Um Sorriso

Esquecemos sem inquietação
Imagens belas de campos em floração
De insondáveis recordações e beleza…
Deixamos que se desvaneça a certeza do outono
Com a incerteza do nosso descontentamento
Recordamos a primavera última, esquecendo a primeira,
Gestos d´um fulgor adormecido em flor de amendoeira
Emergem as algas e submerge o encantamento
Os lagos correm incessantes a par dos dias e dos anos
Debruçados sobre suas águas envelhecem os narcisos
E a lua não consente a sua imagem refletida…
Mas, um olhar indelével e um radioso sorriso
Embevecido de prazer num passado tempo e espaço
São marco de guerreiro no coração da esperança
Perpetuando um momento inatingível para lá do impossível
Oh! Adágio, som musical sobranceiro e magnífico
Porque insistes recordar-me o que nunca perfumei?
Foi tão só um olhar fugaz como o voo dum sublime pássaro
Quando foge da glacial montanha, de si amparo
Voando na busca d´outro destino…
No firmamento as estrelas sidéricas conduzem aos caminhos
Na Terra, e nas fervilhantes ruas, procuro em vão, outro sereno olhar
Mas as ruas já não são as mesmas e os sorrisos são devaneios
Dum caído altar…
Emudeci naquele olhar iluminado, adornei meu coração de amores
Mas a bruma, teimosa, insiste numa empolada confusão de ardores
E guarda para mim uma realidade que em si, é Nada…

Ofélia Cabaço
2015-05-05


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