sexta-feira, 8 de maio de 2015

O Tempo e o Alpendre

O teu rosto é flor e água, é prata
Fio cristalino que me leva ao vento
O teu olhar é turquesa, fina gaze dos teus tumultos
Luz que me guia, e ilumina a minha escuridão
Tua boca é romã do meu pomar
Tu, que amo e não amo às vezes…
Sepulcro da minha história, o teu indizível grito
Que apela à minha dorida alma,
Como a manhã que arrebata a escuridão, branda
É a tua voz, melodiosa como o som da flauta
Tuas mãos são o atalho que me levam à montanha
E ali, onde o silêncio e a verdade se escondem
Espero os teus afagos…
Não importam os tortuosos atalhos
Quero chegar ao fim e elevar meus braços
Sussurrar-te o meu amor,
Existe um tempo em que o desespero cansa
O cansado…
E uma minúscula abertura reluz a comunhão
Do nosso amor,
Quase em segredo surge um dia abençoado
Que nos lembra a beleza das tardes, juntos
Sob o alpendre de aromáticas e roxas glicínias
Tu e eu juramos amor eterno e a tarde quente
Voluptuosa, brincava com os nossos caracóis
E ruborescia as minhas faces em tons crepusculares
A beleza daquela ardente tarde inda hoje é
Jovem e resplandecente…
Quem me dera a manhã candente daquele dia,
Espiral de harmonia, evolando-se numa infinita fita
Pelos céus da minha ilha, azul e verde e cor de nácar
Réstia da alegria sentida …
 Concebida, verdadeira como a pureza das açucenas.

Ofélia Cabaço
2015-05-08









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