Quando me obrigam a ser uma outra coisa
Que não aquela outra, que é mesmo outra,
O sentimento duma intuição espontânea
(Escondida na sombra da outra que é nada…)
Que deixa de ser para a aparência da outra
Fica quieta,
Cala a tua voz, dizem-me,
Não podes falar…
De que vale a verdade
Ao desassossego da cruel realidade,
Não valho nada
Nem pedra e sal eu valho!
Sou apenas a Verdade…
Sei que o firmamento é inteiramente meu
E ainda…
Nas noites claras estrelas posso contar…
Não ergas o dedo, conta calada, dizem-me!
Serenamente, conto uma e mais uma e estrela outra,
À minha beira, sábios palradores, existências
únicas!
Importantes figuras enquanto duram (…)
Neste mundo que se perde com gente dessa
Donde a Verdade não interessa!
De onde eu vim, antes de nascer, ouvi:
-Que a fecundidade seria como uma cheia
A transbordar dum rio fulgente,
Que os homens seriam justos
Que a felicidade dos outros…,
Seria
a sua felicidade plena!
Que o Amor seria tanto, como bagas de groselhas
Teria a Terra inteira!
Mas, a cheia tornou-se espantosamente perigosa
As groselhas não têm bagas,
A pureza das consciências .... são como as nuvens!
Ofélia Cabaço
2014-10-29
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