sexta-feira, 13 de junho de 2014

Senhora Minha



Atrás das vidraças sonhei,

Árvores gigantescas dançavam


Fortes!


Ventos e tempestades olhei,


Triste, a minha alma somente!


Nas mãos finas, trémulas


Uma foto amarelecida, meia rota,


Uma senhora sentada,


Junto a uma imensidão de bétulas


Sonhadora, olhar distante, padecido,


Uma lágrima comprida percorreu


Minha face,


Quente, saborosa e amarga


Alongou-se da caricia ao tecido


Voltei-me, o vendaval!


Uma velha espreitava à porta


A minha alma tão triste, fatal,


Esperava ansiosa por ninguém


Alguém me liberta desta cisma?


E o vento batia na vidraça,


E eu não ria,


Não tinha fome de nada!


Dormir Não!


E o vento que não para!


Não tenho nada, tenho tudo,


Solidão, silêncio (…)


Sonhos e folhas caídas


Minha senhora linda, quem és tu?


Onde estás?


Porque não gostas de mim?


 


Ofélia Cabaço  2013-05-07


 


 

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