segunda-feira, 30 de junho de 2014

Clara minha AMIGA de sempre.


Clara, esta semana para mim foi demais, morreu a minha querida professora de Ética; na quarta tive uma apresentação de trabalho com ela e morreu na sexta feira; ela era simplesmente maravilhosa e muito digna; antes tinha sabido que um advogado de quem fui secretária tinha morrido também, fiquei de rastos; ontem soube daquele jovem que morreu tão novo, assim como muitos que morrem que nós não sabemos porque não são figuras públicas, é certo, mas, chorei duma forma como se não aguentasse mais...... Os seres são como as folhas das árvores sucedem-se uns aos outros, assim é a vida na terra, são mágoas difíceis de superar! É por isso que estimo muito quem é capaz de respeitar a amizade como um bem especialíssimo. Cada vez tenho menos paciência para o que PARECE, os atos são antes de tudo representação do que é bom ou mau e não são as PALAVRAS que determinam o BOM CARATER, porque elas revestem-se de finíssimos argumentos que são apenas, e muitas vezes, APARÊNCIA. Eu escrevo PALAVRAS mas sentidas, se não forem sentidas não são PALAVRAS e não sendo PALAVRAS eu não as sinto. Um beijo minha amiga. Obrigada.

sábado, 28 de junho de 2014

Não Quero Não

Não quero sentir a tua falta

O teu lugar vazio à mesa, não quero

De mãos dadas quero subir montanhas

Contigo (…)

Irás colher braçados de margaridas

Para mim …

Tu e eu dançando nas planícies floridas

Amando-nos sem nos amar

Querendo ambos o passado retocar

Volvendo a música que um dia cessou

Uma contínua musicalidade, eu quero

O teu amor

Orquestra silenciosa houvera, tu e eu

Fantasmas e doudeiras, desilusões e

Mágoas, eu não quero…

Olhar para ti sem te tocar, querer-te

Apenas…, eu quero

O cheiro do teu livro e as estórias do meu,

Quero sentir e ler, o teu e o meu

Silêncio, eu quero

O relógio toca a desoras

O teu lugar vazio, não quero,

A madrugada que nada me diz de ti,

Vai e vem, vem e vai!

A andorinha fiel canta em cada aurora

No beiral da nossa casa…

Enquanto houver Primaveras ela fica,
e canta para mim....
Deixa-me no frio gelado do Inverno

Fico só, com o teu lugar vazio….

Junto à lareira escrevo versos de amor

Para ti!

 

Ofélia Cabaço

2014-06-28

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Semente Genuína

Uma semente esquecida na seara

Onde não abundavam raios solares

Foi colhida por mim,

Foi semeada dentro de mim (…)

Regada foi, pelo orvalho das madrugadas

E, nunca perdida por temporais avessos

Floresceu…

Despida de riquezas e manias

De generosidade foi abençoada

De nobreza se enfeitou,

Com virtudes se encantou

Com um abraço minha alma alevantou

Que, já trémula à morte se rebelou,

Num envoltório de ternura e confiança

A amizade no meu coração permanece;

Às vezes, devagarinho oiço-a suspirar

Mansamente, digo-lhe para respirar,

Ela sorri e com sua leveza

E beleza, brota sentimento,

Espírito iluminador, meu pensamento!

De mãos postas roga preces

Pede novas chuvas refrescantes

A amizade não vive de esperas,

Nem de ausências somenos

Vive saciada de grossas bátegas

De abanos vigorosos e verdadeiros!

Quando o Estio persiste, Ela defina às vezes,

No seco das faces e na frieza dos olhares,
Ela, a Amizade, precisa somente de Si!

 

 

Ofélia Cabaço

 2014-06-23

 

 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Um Dia

Alguém num longínquo dia

Me trouxe em regaço roto


De mim se esqueceu no mundo


Sôfrega, agarrei o limite (…)


Saltar eu queria e ficar no vácuo


Enfraquecido o ar me rejeitou


Deambulei de nuvem em nuvem


Desesperada a Deus roguei


Ao regaço que me trouxe eu tornei


Num fumoso sonho enganoso,


Queria não ficar …


Neste mundo de sacrifícios


Sentir dor no coração, não mais!


Este devaneio que me atormenta


Que me cansa a toda a hora


Dormir no teu regaço roto, eu quero


Ter asas e ir para casa agora.


 


 


Ofélia cabaço


 


2014-06-19


 

Na Alma D´gente


 Na alma d´agente procelas de mar


Tumultuosas


Ansias e desejos de cálidas planícies


Numa atmosfera empalidecida,


Na alma d´gente …


Um turbilhão de confusas ideias


Mistérios entornáveis, sensuais desejos,


O mar frio com cheiro a terra quente


Na alma d´gente…


Gritos e revoltas, ténue consciência,


Razão vestida de mártir


E a mente! teimosa ordena


Na alma d´gente…


Feitiços, quimeras e egos,


Destroços de vidas quebradas


O mar volátil e magno


Na alma d´gente…


Poetas, pintores e artífices


Desenham túmulos de ilusões


Minhas…


O mar imenso, doce e amargo


Na alma d´gente…


Chama por algo que não existe,


Faleceu o existente …


No gritante apelo da inconsciência


Numa esfarrapada consciência!


Na alma d´gente…


 


Ofélia Cabaço


2014-06-18

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A Tarde,

 Caía melancólica a tarde
O sol despedia-se carente de ti
No teu lugar a sombra de mim
Perguntava-me, de onde vim?...
Havia cheiro a feno,
Mas, e tu? Onde estás?
O milheiral sedento
Ondulava dolorosamente,
A pradaria escutava o teu silêncio
E o cheiro a feno teimava
Numa cruel doudeira
Ah! quem me dera ter asas,
Procurar-te para além do fim
Encontrar-te no tempo findo
Esperar a clara madrugada
Chamar-te à beira do mundo
Ouvir o eco desesperado
Da tua voz longínqua, o teu abraço
E o meu, num só, ao cair da tarde!

Ofélia Cabaço
2014-03-19

Horizontes


Nasceu numa ilha, adiante e fora (…)
Ali, perto do mural da Urzelina
Palco de quimeras e metáforas
Pomares, caídas folhas e o mar imenso
 
Atriz, em palcos reais, ela e o mar
Ondas trémulas num queixume altar
O firmamento com estrelas cintilantes
O azuláceo horizonte a despedir-se (…)
 
Sua alma, fogo a arder sem se ver
Diz-me tu, Oh mar, quem sou eu?
 
Na praia deserta de areias pretas
Apenas sons peugadas e o vento
Enfurecido, respinga sal e areias
Com rosto de dama ressuscitada
 
Vai o horizonte e leva seus sonhos
Vem a noite que a afaga, sussurra
Mansamente o alvorecer, a madrugada
Alva como hóstia (…) um afago mais,
E o Sol resplandecente traz o horizonte!
 
Sua alma, fogo a arder sem se ver
Diz-me tu, Oh mar quem sou eu?
 
 
Ofélia cabaço
2014-06-16
 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Senhora Minha



Atrás das vidraças sonhei,

Árvores gigantescas dançavam


Fortes!


Ventos e tempestades olhei,


Triste, a minha alma somente!


Nas mãos finas, trémulas


Uma foto amarelecida, meia rota,


Uma senhora sentada,


Junto a uma imensidão de bétulas


Sonhadora, olhar distante, padecido,


Uma lágrima comprida percorreu


Minha face,


Quente, saborosa e amarga


Alongou-se da caricia ao tecido


Voltei-me, o vendaval!


Uma velha espreitava à porta


A minha alma tão triste, fatal,


Esperava ansiosa por ninguém


Alguém me liberta desta cisma?


E o vento batia na vidraça,


E eu não ria,


Não tinha fome de nada!


Dormir Não!


E o vento que não para!


Não tenho nada, tenho tudo,


Solidão, silêncio (…)


Sonhos e folhas caídas


Minha senhora linda, quem és tu?


Onde estás?


Porque não gostas de mim?


 


Ofélia Cabaço  2013-05-07


 


 

Andorinha


 

 No azul do imenso firmamento

Voa grande uma andorinha

Leva para longe meu pensamento

Deixando-o sussurrar numa igrejinha

 

No seu gigante voo

Depara com minha cabrinha

Que nas encostas da montanha

Rumina tojo e malvinha

 

Na paz da terra e mais do infinito

Só o silêncio e minha mágoa…

A minha alma tão grande rejubila

E, pequenina chora no finito

 

A Andorinha volta……

Altas horas de noite cálida

Recolhe-se no beiral de minha casa

Respira madrugada gélida …

Canta dor, alevanta suas asas
e bate na minha janela!


 

Ofélia Cabaço  2013-04-17