A noite avança apressada
Em consonância, as horas também,
Uma ténue luz forma túnica cinzenta
Da janela à minha cama, insinua calma,
Suavidade, um sossego aparente………
Inquieta, observo uma sombra sobre a cómoda
O Menino Jesus estará zangado, o que fiz?
Penso, rebusco, não achei!
Quando me viro agitada, a sombra persegue-me
Não consigo adormecer………………………….
Enchia a minha alma de dúvidas e receios,
Então, escondia a cabeça nos lençóis,
Tremia até,
Depois, quase sem forças, suada,
Refugiava-me na cama da avó,
Fazia do seu abraço um doce aconchego,
Paulatinamente o medo fugia,
Iam as insónias pairar lá fora, longe!
Minha avó contava a história da Clarabela,
Com seus dedos quentes penteava meus caracóis,
Era um alívio, era Paz com sabor a mel,
Para além de todos os medos do mundo!
Pela madrugada o galo cantava,
Mil luzinhas claras entravam no quarto,
Saltitando sobre a nossa manta de retalhos;
Hoje, nesta noite sem som,
A minha angústia faz nó,
Não desaperta, desperta dolência,
Indelevelmente cruel,
E, a noite continua a sua caminhada….
Tal qual a idade sem retorno,
Resolvo, amanhã viver intensamente,
As noites irão acontecer,
Até que um dia, a morte matreira,
Virá com sua mão sorrateira
Agarrar-nos com sorrisos falsos;
Agora, talvez consiga adormecer,
Os olhos estão cansados,
Não vou pensar, vou antes,
Imaginar campos de jacintos floridos,
Daqui a pouco vou acordar
Calçar botas possantes,
Palmilhar os caminhos da vida,
Esta nossa vida tão rápida,
Tão somente um empréstimo;
Quero dormir serena,
Quero acordar todas as madrugadas
E, dizer a Deus : obrigada!
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