Num cantinho em S.
Miguel
Nasceu o grande poeta
Quental
A joia da poesia com
cabelos cor de mel
Olhar profundo como o
mar, neura fatal!
Ilha, mãe de génios
Canto, Teófilo, Natália
e demais
Com valentia
afugentaram demónios
Alargaram horizontes e pintaram
vitrais
Quental deixou-nos
delícias
Poesia e amores sem
malícias
Teófilo, honras de
presidente
Canto, voluntarioso,
plantou semente
Quental foi doce amigo,
mente divina
Sobre sua alma passeava
a neurose
Arrumou no coração a
sua bela Rose
Cultivou sofrimento na
dor materna
Nesta ilha de estranha voz
muda,
Escondem-se piratas
perdidos
Em moradia de saudade
aguda
Jazem glórias de
anseios límpidos
Canto e Borges nos
jardins adormeceram
Ao som de nascentes,
colhem açucenas
Assopros de sementes
caídas
Sonhos desfeitos,
filhos nasceram,
Surgiram palcos com
outras cenas
Ilha de mística beleza
Albergue de velha
franqueza
Enfrentou mares com
tempestades
Aquietou vulcões e
recebeu majestades
Enxotou piratas
duvidosos
Salvou barcas
abandonadas
Agasalhou frades
piedosos
Desbravou rochas desprezadas
Todas as noites a nossa
ilha
Envolvida num manto de
bruma
Descansa numa paz maravilha
Soberba por ser uma
dama.
Ofélia Cabaço
2013-02-08