Perdi o
acreditar
no que
as gentes idolatram,
Perdi
pai, pedi mãe,
Perdi a
alegria do que seria
a minha
vida e vida teria,
Perdi
afagos, perdi instantes,
Perdi a
imagem em que os vi, ininteligível...
Não
era de papel, era terna e aprazível
em
memória jaz, indissolúvel;
Sei
quando a manhã por mim passa
trespassou
montanhas, bosques e ravinas,
São
longas as estações, muito mais que as minhas!
Perdi
quase tudo e do perder nada perdi...
Conservo
comigo, e só, a profundidade do Belo,
O
encanto da beleza dos campos, elo
Silencioso
da tristeza e dor, com uma só flor...
O
contemplar a Lua e as insólitas madrugadas
Buscando
no infinito um sorriso e uma fada
A flor
que desabrocha na rudeza das rochas,
Contemplo...
As
cascatas e suas águas em estreitos berços, queixa
minha
que o ar traz e não me deixa...
Perdi o
desaparecido sem aparecer, pereceu
e eu
não sei de nada, entre a Terra e o Céu
Perdi
espaço irremediável, perdi divindades,
Perdi a
canção que me embalou, o canto das aves
Ficou,
e o verso do poema de mim pendente,
Aquele
que me cobre e cujas sementes
levam
os pássaros...
Ofélia
Cabaço
2016-02-15
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