sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Angústia

Chove sem parar, tudo é todo,
Numa vénia contida choram os salgueiros
A terra tornou-se lodo...
Nem réstia de luz entre os ulmeiros

Assim é costumeiro...
Ver-se ao longe catedrais de nevoeiro,
Nada se mexe! o vento cansado,
Para além recolheu-se sossegado;

Não consigo sonhar neste dia, pressinto
Que a dor tamanha não consinta,
Ouvir a voz que me atormenta...
A angústia que me acorrenta;

Eu sei de mim e dos mudos também,
Aqueles que se inclinam e sussurram amem,
Exaustos vislumbram estrela nenhuma

E a chuva passeia de mão dada com mais umas
Almas que escavam na escuridão, vão
Em busca de liberdade e uma nação...

Este mundo físico Deus meu,
por Si criado o Universo, Timeu
versou, e eu? Ergo as mãos ao Eterno.

Ofélia Cabaço
2016-02-12




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