Na porta do quintal bateu a
primavera
Era tempo de serenidade e ordem
absoluta
Ventos de anarquia intempestiva
fora o inverno
Destituídos de propósito
impuseram lutas
Forças com braços austeros… o
inferno,
A Natureza por leis supremas é
governada
E a primavera ressurge porque é,
E os demais são Nada (…)
Abri a porta e vi o Sol
anunciando a madrugada
Radiosa, alva, mítica e tão
abençoada
O dia despontara para além dos
ciprestes
Andorinhas aos bandos saltitam
nos beirais
Sacodem suas asas, ciciam
alegremente, ensaiam
A alegria para a Vida (…)
As árvores sacodem suas lágrimas,
o orvalho
Abraçou-as noite adentro com frio
e ais
Ninhos envelhecidos caem sobre
chão humedecido
Símbolo do amor e ternura, tempo
ido
A primavera…
Exótica nas suas cores,
voluptuosa e amante
Arquétipo de jardins exuberantes,
Licenciadora de loucuras flamejantes
Inspiradora de entusiasmo e
avidez do novo,
Do desconhecido (…)
Primavera idílio dos sonhos,
exímia pianista
Que nos oferece sons e sombras…
Compõe vida e vislumbres de
alegria
Para quem desce a montanha e
lembra a mocidade,
Auras dum passado recente, saudosamente,
A primavera rejuvenesce aquela
existência
Bondosa, gala estival que a terra
veste,
Lábio quente que exclama e toca
essências
Não te esqueças nunca de me bater
à porta.
Ofélia Cabaço 2015-02-28
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