Confio no que desconheço
Porque em ti que te conheço,
Confiar é uma desventura,
Abandonaste a verdade, assim
Como as tuas mentiras, enalteces...
É tão melhor viver um abstrato com asas
Mais e muito, do que o teu concreto irreal
Sem abraço e sem teto de ti, busco o inexorável
Trémula e indecisa é a tua existência
Fremida e cobarde é a tua ausência
Deixas p´lo caminho a consciência, e,
Cansada estou, desisto daquele apelo...
Como rosas volúveis é a tua vontade,
A minha saudade
Fala-me e sacode a minha dor
Intuo um fado deprimente
Caminho por meu pé sem ti,
Esquecer é o que ordena a minha mente,
Com uma voz que me perturba.
Ofélia Cabaço
2015-01-27
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
O Meu Poema
Quero morrer com o Sol nascido,
Quero lembrar-me de ti
Sentado à beira-mar, triste
No teu regaço, maravilhas e camélias
Que eu gosto e tu sabes,
Tu que não me beijaste
E eu tanto teus lábios beijei
Amei-te e tanto ...
A tua sombra na minh´alma
Refletida e nunca tida
No mar, meu amor, flutuam as camélias
Eu quero transformar-me em flor perene
Num canto do teu jardim,
Onde as maravilhas abundam
Lembrar-me de ti assim, quedo e triste
Num momento fugaz da minha existência
Eu quero...
Amar-te na despedida desta, para a outra vida.
Ofélia Cabaço
2015-01-27
Quero lembrar-me de ti
Sentado à beira-mar, triste
No teu regaço, maravilhas e camélias
Que eu gosto e tu sabes,
Tu que não me beijaste
E eu tanto teus lábios beijei
Amei-te e tanto ...
A tua sombra na minh´alma
Refletida e nunca tida
No mar, meu amor, flutuam as camélias
Eu quero transformar-me em flor perene
Num canto do teu jardim,
Onde as maravilhas abundam
Lembrar-me de ti assim, quedo e triste
Num momento fugaz da minha existência
Eu quero...
Amar-te na despedida desta, para a outra vida.
Ofélia Cabaço
2015-01-27
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
O Tempo do Nada
No tempo em que o Tempo existia
Antes da minha existência…
O sossego passeava nas ruas da minha cidade
Por entre as cortinas das janelas, a curiosidade
Espreitava enfadonha o Sossego do Nada,
Caíam mansas as noites
E o Sossego continuava impávido o seu passeio,
Sereno, como a Lua morna …
Mulheres de cara tapada e boca calada,
Adejavam profusamente afugentar o Sossego,
Premonição com flâmula débil, açafrão desmaiado
Entorpecimento, receios e desejos (…)
E, no silêncio das tardes e no Sossego desassossegado
Sentavam-se elas no alpendre de seus sonhos
E davam asas à sua vontade, vivendo um faz-de-conta,
O Sossego acariciava suas faces e alagava seus olhos…
Junto à findável muralha do cais,
As mulheres ouviam o mar e nele depositavam seus ais,
Pediam ao mar que as levasse saltitando de onda em onda
Até ao horizonte luminoso para além do Sossego…
Com um suavíssimo e indizível assobio
O Sossego chamava atento e sombrio
Onde estaria, naquele tempo, a grinalda do aconchego?
Era o tempo em que os sinos da igreja,
Badalavam rituais e lealdades convencionais,
Aziago perpetrado……
O povo proclamava assim seja!
As igrejas onde o tal Sossego era imperador
Com diáfana abóboda celeste,
Cheiravam a morte e a flores doentias, prisioneiras!
Velas com luz ténue, denunciavam os rostos sofridos,
Pálidos e trémulos com receio dos pecados, o Sossego!
As beatas solteironas invejavam noivados…
Olhavam em redor com vistas que não viam,
Sossego do desassossego…
Flores de laranjeiras purificavam os amantes
Eram imensos os laranjais (…)
E, em toda a parte o Sossego e o Respeito
Do desassossego disfarçado em cada Porta…
O meu corpo não existia, eu sei do que falo...
A fome assolava na casa de cada um,
Atormentando um sossego seculum…
O desassossego dos corpos inquietando as almas
O Sossego,
Do desassossego disfarçado em cada Porta….
Ofélia Cabaço
2015-01-21
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
E Tudo o Fingimento Levou…
Enquanto foi possível ofertou amigos
Desprezou sentimentos,
talentos, condição
Prejudicou o “outro”,
magoou profundamente
Aparências falsas,
oportunismo absoluto
Mesa farta, matanças e
festas
O “outro” foi lembrança
de existência
Passaram os anos, a
idade avançou
A natureza das COISAS
foi surgindo
Doenças, que a todos
nós, visita
Desgostos imprevistos,
ingratidões!
O fausto e os amigos
amnésicos,
Passou a não haver mesa
farta, nem festas!
O porco não voltou a
ter o seu natal,
As matanças deram lugar
à dor
A casa, antes palácio
de degustes
Passou a ser cúmplice
das mágoas
Portadas podres,
reclamam toda a noite!
As telhas deixam
lágrimas no santuário
As paredes húmidas desgostam
olhares
Varandas enferrujadas
gemem ao vento
À mesa, lamentos e
arrependimentos
O esquecimento da
figura esfumada
É alentado, reaparece
no lago sem águas
Dará a sua mão e seu
coração
Passará a ser figura
sagrada (…)
Ajudará, com certeza!
No segredo dos deuses
as lembranças
A vida dará sucessivas
estórias
Inextricavelmente no
presente e no futuro
Tristemente!
Ofélia Cabaço
2013-04-13
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
A Cara do Mundo
Pensativo
um homem no Café observa:
Na
rua, outro homem abraça o filho
Em
frente um jardim lavado, a chuva
As
folhas caídas das árvores jazem no chão
Assim
como a sua ilusão…
Atrás
das vidraças uma velha tricota manta de lã
Na
sinuosa rua ao lado uma rapariga e sua bicicleta
Um
cego, na esquina toca um fado
A sua
vida e o seu acordeão
O
homem senta-se à mesa, a sua habitual,
Fuma
mais um cigarro e finda o maço
A
televisão do café tremelica, as imagens saltitam
No
passeio, muito extravagantes, deambulam senhoras
Com
ar muito elegante, de fraque, passam os agiotas
O
mendigo pede e tem as calças rotas
As
aranhas também passeiam, no chão do Café
O
homem deixou cair um cigarro do maço novo
As
formigas revestem-no de preto
Em
frente do Café há um edifício a cair de podre
O
homem levanta-se e sai
Tem
vestido um fato cinzento e gravata preta
Usa
bigode e um chapéu
Passa
pelo jardim e o varredor cisma com as folhas
Sussurram
com olhos fundos, algumas velhas
Na
mesa do Café há uma queimadura
E o
homem disfarçou-a maduramente
Pois
acredita no inacreditável…
No
espelho, vê na sua cara, a cara do Mundo
Uma
cara que nada tem de Adónis
Duas
feias rugas vingam-se na sua testa
Consome
outro maço de cigarros…
Volta
ao Café…
Os
clientes bebem as vinhas do Dão
Estão
revoltados com o Adão
A
mulher da limpeza, ingenuamente
Elimina
o cigarro vestido de formigas
A
queimadura da (sua) mesa do Café persiste
As
moscas confundem-na com mel
Insistem
tal qual ela persiste…
A
prostituta gorda com lábios vermelhos
Insinua-se…
O
dono do café cicia ao seu ouvido
Uma
mendiga, pede e chora
O
pobre dos pobres não ouve, ora,
O
homem ampara a sua cabeça, desassossego,
A sua
alma diz-lhe algo…
Levanta-se
e dirige-se para o seu quarto
Fica
no edifício em frente, o podre,
Tem uma
janela que não tem luz
Há um
vaso de barro,
A
terra mantém vivo o seu malmequer.
Ofélia
Cabaço
2015-01-05
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