sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Angústia do Existente para o Inexistente,

Angústia do Existente para o Inexistente,

Sinto uma angústia maligna que me aconselha incessantemente e me obriga a pensar na existência das coisas, onde se inclui o meu “eu” com apreensão doentia.
Faço um percurso aos primórdios do que nunca vi, mas senti, na perspetiva de encontrar um finito que me leve ao infinito, nalgum lugar do universo e onde, lá mesmo, uma voz possa dizer-me algo que me alivie…, um abraço, mesmo que abstrato, me aperte, me oiça e com alguma sumptuosidade impeça a angústia de me aconselhar uma rutura com o existente, um aconchego ao inexistente!
-Depois, desejo encontrar o Pobre de todos os pobres, e dizer-lhe baixinho, assim, sussurradamente, que O amo e que choro, e choro, e volto a chorar, porque o meu sorriso se impõe, somente, quando oiço as crianças, quando escuto a natureza e quando olho os pomares pintados de flores e frutos… tão doces e coloridos…
-Mas o mundo não é somente uma “parte”, existem partes algures, por aí, onde as crianças não sabem sorrir, não podem ouvir a natureza, nem o nascer das madrugadas na sua plena magia, tampouco o canto das aves, nem o que são pomares de frutos saborosos;
Escutam aquelas crianças, o medo…, somente o medo, e só isso, as fazem perceber que existem……, sentem a angústia do que não sabem que existe neste mundo de natureza tão ampla… as crianças que nada têm e carregam a angústia da sua existência, desesperadamente…
Dizem que o mundo pertence aos pobres, e são os pobres que impedem a nobreza dos espíritos, porque de tão pobres, só sabem o que é mandar destruir a nobreza do verdadeiro homem…

- Queria tanto sorrir e contemplar com ênfase este pomar colorido que é a Vida de todos os homens.

Ofélia Cabaço

2014-09-26
  


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