No sótão de minha casa
Gemia um pássaro sem asa
A noite medonha, muito escura
Assustava,
Chovia a jorros e o vento açoitava
Eu tremia, com imaginação obscura
Subi a escada velha e o receio acrescentava
Depois o sótão, teias e aranhas
O baú desbotado escondia o pássaro
Quieto, desamparado, gemia com dor!
Não tinha asa, era belo seu bico raro,
Peguei-lhe e ciciei calma (…)
O chapéu do avô morto foi ninho
Como conforto de minha Alma,
Desci, lívida de tormentos e anseios
Adormeci com sons nos vidros da janela
Era a chuva, agoniada com o barulho dela!
Ofélia Cabaço
2014-02-6
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