quarta-feira, 5 de março de 2014

O CHORO


No sótão de minha casa

Gemia um pássaro sem asa

A noite medonha, muito escura

Assustava,

Chovia a jorros e o vento açoitava

Eu tremia, com imaginação obscura

Subi a escada velha e o receio acrescentava

Depois o sótão, teias e aranhas

O baú desbotado escondia o pássaro

Quieto, desamparado, gemia com dor!

Não tinha asa, era belo seu bico raro,

Peguei-lhe e ciciei calma (…)

O chapéu do avô morto foi ninho

Como conforto de minha Alma,

Desci, lívida de tormentos e anseios

Adormeci com sons nos vidros da janela

Era a chuva, agoniada com o barulho dela!

 

Ofélia Cabaço

2014-02-6

 

 

 

 

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